De nada vale o
conhecimento sobre Trimembração Social se não tivermos Educação e Cultura, os
quais devem ser os instrumentos de elevação humana, através da conquista da
virtude, o que se pode denominar de “individualismo ético”. Mas não se pode
ficar centrado em si mesmo: é preciso que o ser humano se realize no
mundo como ser moralmente produtivo. Para isso, a vida cultural/espiritual deve
criar Bancos sociais, no sentido de que o dinheiro cumpra o seu papel
individual, social e econômico. O “Banco social” deverá visar a “circulação do
dinheiro”, no sentido de fomentar o capital de empréstimo e de doação, para
aqueles que necessitam de meios para trabalhar economicamente no mundo, ou para
a cultura.
Outra medida importante é
entregar à iniciativa privada as estatais, seus bens e propriedades. Com relação
à Terra, é preciso se chegar a novos conceitos, pois, nas “eras rudes da
sociedade”, ela não pertencia a ninguém. O monarca, ou senhor do feudo, apenas
arrendava do rei. Justamente o rendimento elevado da terra provoca um aumento
do preço dos produtos. Enquanto permanecer o crédito real, para a terra, sem se
cultivar nada, deixando-a em seu estado original, como nos grande latifúndios,
se estará apenas elevando o preço da terra. Esse capital acumulado,
especulativo, artificial, é altamente danoso para a economia, porque a natureza
não pode ser ligada ao capital, mas ao trabalho. Pela própria condição da
natureza, as terras não podem aumentar de valor, se não se aplicar um trabalho
nelas. A terra, por sua própria condição natural, não tem valor. É o trabalho
que deve ser considerado como elemento de elevação do valor e não a terra em
si. Por isso, o crédito, o capital, deve ser direcionado para quem quer
trabalhar e não para a terra. É preciso que o setor jurídico trace as normas
legais na nova estruturação do organismo social, no sentido de que a terra não
seja possuída nem pelo Estado nem pelo indivíduo. Ela poderá apenas ser
colocada à disposição para uso, através de uma Carta de Direito da Terra, a ser
elaborada pela Justiça. Inclusive, com esta proposta, deverá ser estabelecida a
nova política agrária, pois não mais existirão os “sem terras”. Todos terão uma
terra.
Nesse sentido, a produção
tem a ver com: os bens de capital, a força do trabalho e a terra. Os bens de
capital constituem a capacidade do espírito humano, que se condensa numa
máquina, numa fábrica. Essas podem produzir bens para serem consumidos, mas
elas mesmas não podem ser consumidas. Para isso, sempre se utiliza alguma
matéria-prima que vem da “terra” e, através do “trabalho”, esses bens entram em
“movimento”, na circulação comercial. Para se realizar algo no mundo,
necessita-se de crédito pessoal. Esse aspecto implicará na estruturação da Vida
Cultural/espiritual no mundo, para que esta crie Bancos sociais.
Antonio Marques
(Referência: Steiner,
Fernandes, Smith, Budd, Vogel e Hermannstorfer)
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