Sobre a questão salarial,
“pagar pelo trabalho” vem do tempo em que ainda existiam escravos, quando o ser
humano era vendido como mercadoria. Essa visão distorcida ocorre justamente por
faltarem as questões básicas na troca de valores: “trabalho versus salário”.
Assim se estabelece uma falsa noção do chamado vínculo empregatício. O “mercado
de escravos” transformou-se em “mercado de trabalho”. Esse é um dos motivos de
o “egoísmo” do patrão usurpar o trabalho alheio. Em contrapartida, o
trabalhador se transforma em um auto-sustentador. Ou seja, ele trabalha para
si, egoisticamente para o seu salário. Como se sabe, pela “divisão de
trabalho”, ninguém trabalha para si, mas se trabalha para os outros, para as
necessidades dos outros. O trabalho também não é mercadoria, e não será o
número de horas trabalhadas que resultará no salário correspondente. Como fica
isso? A questão salarial precisa ser melhor esclarecida, através de outro
enfoque: Para começar uma empresa, o industrial ou o pioneiro, precisará de
“capital” para iniciar o empreendimento, “solicitar terras”, maquinários, pagar
os juros do “empréstimo” etc. O restante do que entra é o valor proporcionado
por todos os que trabalham naquele serviço. Denomina-se “valor agregado”, ou
seja, “valor” que pode ser repartido entre todos os que participam desse
crescimento empresarial. Portanto o salário constitui a participação no “valor
agregado” da empresa. Por isso o salário não é “despesa” e nem corresponde ao
“preço do trabalho”. Aliás, o que é vendido não é o trabalho, mas sim o
“produto” do trabalho. Por isso a palavra certa para “salário” é remuneração e
isso traduz o “valor do trabalho” e não o seu preço. O produto do trabalho, no
fundo, pertence ao trabalhador. Nesse caso, toca-se num problema crítico, que é
a relação de trabalho. Ou seja, não se troca o trabalho por qualquer outra
coisa, pois não existe um valor que possa definir o “trabalho” de outro
elemento. Em verdade, o que ocorre é uma troca de valores. O trabalhador produz
algo e o empresário apenas lhe compra o produto final. Portanto é o empresário
quem compra os produtos do trabalhador e, com seu espírito empreendedor
empresarial, consegue usufruir o lucro na circulação da mercadoria, através do
preço. Portanto, o preço tem a ver com a mercadoria e deve ser procurado entre
os comerciantes, aqueles que compram e vendem. Desse modo, nas relações de
trabalho, ocorre uma verdadeira compra. Por isso a “relação empregatícia” deve
ser baseada em novos elementos de “troca”, entre os dois interessados: o empregador
e o empregado. Ambos têm um objetivo comum, o de crescimento da empresa. Ou
seja, ambos disputam adistribuição de rendimentos, o valor agregado.
Economia tem a ver com
“produção, circulação e consumo de bens materiais para satisfazer as
necessidades humanas”. No fundo, significa a “realização do homem no mundo”. A
mercadoria é colocada em um fluxo globalizado, mundial, para ser consumida. É
preciso que os três interessados, na vida econômica, o produtor, o comerciante
e o consumidor, ou seus representantes, se reúnam em Associações Econômicas, no
sentido de traçar as verdadeiras metas econômicas. Só assim se poderá controlar
o preço, valorizar o trabalho humano e atender aos interesses do consumidor!
(Referências: Steiner,
Fernandes, Smith, Budd, Vogel e Hermannstorfer)
Antonio Marques
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