domingo, 9 de agosto de 2020

ÍNDICE

Bloco 1
Abuso de Autoridade 
O Fim da Política 
Violência na Política 
O Estado Teocrático 
A Intromissão Estatal
Imperium Estatal

Bloco 2
Existe Democracia Liberal?
O Poder Moderador
A Origem do Socialismo
A Origem da Esquerda
Teoria da Conspiração 
Coronavírus e a Economia

Bloco 3
Liberdade - Igualdade - Fraternidade 
As naturezas da Liberdade - Intuição - Verdade - Amor
Fantasia Moral
Trimembração Social 
Carta ao Povo Brasileiro
Minuta para a criação do CCB 

Bloco 4
macro - ECONOMIA - humanizada 
A Questão Salarial
Nova Missão para o BNDES 
Mercosul — União Europeia
Criptomoedas 

Bloco 5
América - I 
América - II 
América - III
América - IV
O Liberalismo quer nascer

Bloco 6
A Era da Supremacia do Ego - I
A Era da Alma da Consciência - II 
Além do Ego - III 
O Eu e a Humanidade - IV 
O Ego nasce do id - V
Evolução do Pensar - VI
Pensar de águia - VII

Bloco 7
Memória - I
Memória - II 
Memória - III
Memória - IV

Bloco 8
Sobre o Ensino
Sobre o Ensino Superior 
Metodologia Científica 
As Cartas Estéticas de Schiller 
Tiradentes

ABUSO DE AUTORIDADE — chega! PODER MODERADOR — já!




É vergonhoso o papel do STF se transformar num Juiz de 1ª Instância, numa verdadeira “ditadura do Judiciário” (como sentencia Rui Barbosa), invadindo residências de pessoas notadamente confessas que apoiam este governo, com a justificativa de busca e apreensão para colher provas — baseada em “mentirinhas” de fake news. Com aparato policial de filme de Rambo, o que encontram: camisetas, cartazes, fogos de artifício etc.

E o pior: no BR nem depois da 2ª Instância o réu é preso; mas pela “ditadura do STF” já se prende na 1ª Instância. Mas, qual a necessidade probatória para invadir 6h da manhã, acordar toda família, com a mídia sedenta por sangue, só para colocar no ridículo quem apoia este governo legitimamente eleito pela maioria do povo brasileiro? Ainda mais, cria-se a peja de “antidemocrático” — o que não se justifica, porque a democracia é o povo. E o povo elegeu este governo para “purgar” a praga que aparelhou o Estado por mais de 30 anos. Pela primeira vez estamos tentando viver a normalidade democrática — mas o viés ideológico não deixa. Inclusive a Justiça deve se pronunciar somente se provocada, se solicitada. Esse abuso de autoridade só ocorre porque não temos um órgão acima do STF, não existe uma Ouvidoria para proteger o cidadão das injustiças da Justiça. O que se tinha como “Poder Moderador” exercido por D. Pedro II, funcionava como “terceiro poder”, do diálogo, do apaziguador. Não tem mais.

Em nome do “indivíduo livre”, clamo:

O abuso de autoridade deverá cessar imediatamente. Para isso é preciso que se crie o Conselho Cultural do Brasil (CCB), pois este órgão representa os interesses do indivíduo, do livre pensar. Somente quando tivermos os três setores da sociedade livremente assentados e autonomamente constituídos, entre “Vida Cultural/Espiritual” (representante do indivíduo livre), “Vida Política/Jurídica” (para promover a igualdade entre os homens) e “Vida Econômica” (para produzir bens para o consumo humano), teremos liberdade humana, justiça social e seres moralmente produtivos.

Que se cumpra esta Trimembração Social.

Antonio Marques
Conselho Cultural do Brasil (CCB)

O FIM da POLÍTICA





Fim traduz finalidade (Causa Final de Aristóteles), o objetivo ou a meta da minha ação direcionada a outro ser humano. Ou seja, o que estamos falando é sobre a “finalidade da política”, que é gerar igualdade perante os seres humanos, através da jurisprudência (códigos morais do bem viver comum), além de servir ao outro, à comunidade, ao social ou à pólis. Afinal, nascemos juntos, como Aristóteles fala: “a pólis é anterior ao indivíduo e à família - nós nascemos juntos”. Ou seja, a sociedade ou a comunidade humana foi criada pela Divindade e daí “cada um seguiu por rotas separadas” (Schiller), justamente para vivenciar o mundo e se realizar nele.

Três processos citados: “origem - vivência - atuação”. Essa trilogia permeia o ser humano desde os primórdios civilizatórios; e entre os Templários na Idade Média se conhecia como “ora, convive et labora” — e deveria se realizar atualmente nas três áreas sociais: “liberalismo - democracia - economia”.

Dentro de si o ser humano se vivencia como ser livre, na busca da virtude — denomina-se “individualismo ético”. E lá fora o ser humano precisa conviver entre seus pares (política) e produzir/consumir (economia); ambas ações que se traduzem em “moralidade”. Por isso a ética vive dentro do ser humano (e não existe código de ética para aquilo que vive dentro de si). Mas ao conviver com os outros (política) ou comprar, produzir e consumir, vive-se na moralidade — por isso os códigos têm que ser morais. Código moral.

Ou seja, tanto a ética (interior) e a moralidade (exterior), precisam ser treinadas pela auto-Educação e pela Cultura, respectivamente. Por isso a necessidade de nascer o Liberalismo no mundo.

A vida política/jurídica deve apenas ser equânime entre os seres humanos, permitindo melhores condições de ir e vir, documentação, saneamento básico etc. Inclusive em caso de não observância por algum deslize social, deve atuar como “justiça misericordiosa”. É o fiel da balança na sociedade.

“O homem é capaz de moralidade porque é capaz da educação. Mas a educação é possível somente no viver comum. Assim o homem é um ser moral justamente porque é um ser político”. Aristóteles (A Ética)

Antonio Marques

A VIOLÊNCIA NA POLÍTICA





Para quem imputa intolerância e violência ao grupo que se indigna com as barbaridades que a Esquerda pratica em nome do “politicamente correto”, está redondamente enganado. É justamente o contrário. A Esquerda teve um surto de “amnésia” de 30 anos de descalabros, rapinagens, corrupções, roubalheiras etc e de repente virou santinho e psicografa até livro espiritualista. E quer que a gente de bem tampe os olhos para essa sem-vergonhice “esquerdopática” que contamina e pesteia tudo em volta. Nossa índole não é igual a essa turma.

Schiller fala que existem dois impulsos sociais nos seres humanos: sensível e formal. O “impulso sensível” é egoísta, primitivo e violento, regido pela força bruta. E o “impulso formal”, tem caráter moral e censor, por causa da nossa evolução histórica.

Portanto são grupos polares humanos, com tendências opostas: 1) um aspira à “variação”, sensível ou virginal e se apresenta como “homem natural”.

2) outro aspira à “imutabilidade”, formal ou maduro e se apresenta como “homem moral”.

Como resolver esse impasse?

É preciso criar um “terceiro impulso” que sirva de intermediário entre os dois, sem destruir o impulso “sensível” pelo “formal”; ou vice-versa. Velar para que nenhum dos dois impulsos viole a fronteira do outro é o problema da “Cultura” a qual está obrigada à administrar justiça à ambas as tendências; não só defendendo o impulso racional contra o sensível, mas também este contra aquele.

Mas de qualquer maneira o “homem natural” precisa se transformar no “homem moral”. Isso se realiza através da Educação e da Cultura. Por isso nossa proposta de se criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB).

Antonio Marques

O ESTADO TEOCRÁTICO




Só não nos tornamos um Irã dos Aiatolás porque não temos cultura milenar. Afinal a Antiga Pérsia foi o berço da civilização, período no qual a Religião preponderava sobre a sociedade constituída entre: “religião - monarquia - comércio”; numa forma monolítica piramidal ou Uni-membração Social. A Religião era calcada nos Mandamentos (com códigos e normas), os quais geravam impulsos sociais e econômicos. O ser humano não existia como indivíduo (como ser livre), pois estava subjugado à divindade, à terra, à hereditariedade e ao monarca.

No período greco-romano nasceu o Direito — o “civis romanus” (o cidadão de Roma), com direitos, deveres, propriedades, tribunais etc. Pode-se denominar Bi-membração Social. E recentemente com as grandes navegações (1500), nasceu a Economia, necessitando de “capital” (significa aquele que usa a cabeça - capitis) para investir em grandes projetos “globalizantes” (um produto feito aqui pode atender a necessidade de um consumidor do outro lado do globo). Estamos vivendo então a Tri-membração Social?

Ainda não. Todos países estão atrasados nesse quesito evolutivo civilizatório: todos estão vivendo a Bi-membração Social, entre as Vidas Política/Jurídica e Econômica. Onde está a Vida Cultural/Espiritual da humanidade, onde deve imperar o “liberalismo”?

Voltando ao nosso país, com todo mérito do atual Estado brasileiro ter feito uma faxina moralizadora no tocante à corrupção e desmando com a coisa pública; e começando a entregar seu patrimônio de bens de produção, empresas etc nas mãos da iniciativa privada (economia), mas está exalando ar teocrático — em grande parte por estar atrelado à bancada religiosa no Congresso. No entanto Estado Teocrático é um retrocesso evolutivo, pois já deveríamos estar vivendo sob a égide dos três poderes:

Liberdade — para o indivíduo (Liberalismo)

Igualdade — perante as leis (Democracia)

Fraternidade — para trabalhar para os outros (Economia)

A prerrogativa Estatal é a de promover a “igualdade” entre todos perante a lei e de fornecer serviços públicos de qualidade (segurança pública, burocracia documental, estradas etc). A postura teocrática estatal subsististe por causa da ausência do 1º membro do organismo social, que no passado era a Religião, como se mostrou acima.

É preciso resgatar o 1º membro do organismo social - para dentro do seio da sociedade com a criação do Conselho Cultural do Brasil (CCB) em Brasília. Assim teremos um projeto de sociedade que almejamos. Teremos um futuro para todos. Todos são convidados a participar. Entre no blog para ver outros artigos.

Antonio Marques

INTROMISSÃO ESTATAL NOS OUTROS DOIS PODERES DO ORGANISMO SOCIAL: VIDA CULTURAL E VIDA ECONÔMICA





Estamos cansados de ver a intromissão Estatal nos outros dois órgãos do organismo social: na Vida Cultural e na Vida Econômica. Isso ocorre porque nossas autoridades desconhecem como funciona o organismo social; e acaba resultando numa “doença” nesse organismo social. É preciso fazer um diagnóstico da situação para depois instituir o remédio correto.

Por exemplo: 1) recentemente o Estado (através de um Ministério) impingiu abstinência sexual em jovens para evitar gravidez precoce, com a justificativa de proteger as crianças. Não resta dúvida de que essa situação é preocupante de meninas sem maturidade se engravidando. Mas dessa maneira o Estado entra numa esfera que não lhe compete, ao assumir uma postura religiosa dogmática, violando o regime de liberdade individual. Só que essa esfera pertence à Vida Cultural/Espiritual, que por não existir como instituição, é invadida pelo Estado. 2) No outro extremo vemos o Estado possuir fábricas, propriedades, bens de capital etc competindo inclusive com o setor produtivo. Só que essa esfera pertence à Vida Econômica.

Portanto, esses dois erros crassos precisam ser esclarecidos e corrigidos. Para isso é preciso entender como funciona o organismo social — que a exemplo do organismo humano, como o filósofo grego Protágoras (450 a.C.) falava: “o homem é a medida de todas as coisas”, aponta para conhecermos sobre o ser humano para entender o funcionamento do organismo social. Plantão aprofunda mais: “há no organismo humano como no organismo social as mesmas partes e números iguais” (Rep. 441c). Ou seja, existe uma fisiologia humana que, ao compreende-la poderemos entender como funciona o organismo social. Estamos falando de uma “fisiologia social”.

Por isso Steiner enfaticamente afirmava: “Ao lado do Parlamento Político, que administra a posição jurídica do indivíduo perante a coletividade e do povo todo perante o mundo Internacional, a ao lado do Conselho Econômico, que deve zelar pelas bases materiais da vida do povo, precisamos de um Conselho Cultural que se preocupe com os assuntos espirituais e tenha como tarefa a promoção dos mesmos” Steiner (GA 202).

“Tanto o Estado Político-Jurídico quanto o setor econômico receberão diretamente do setor espiritual autônomo, as influências culturais necessárias às suas próprias funções” (Os Aspectos Fundamentais do Problema Social, p.66).

Por isso se faz necessário o resgate do 1º membro do organismo social, como Conselho Cultural do Brasil (CCB) que estamos pleiteando para seja criado em Brasília, junto com outros dois setores, para atendermos às três esferas do organismo social:

Vida do Indivíduo - liberalismo (CCB, a ser criado)
Vida jurídica/política - igualdade entre todos
Vida econômica - fraternidade (trabalhar para os outros)

Antonio Marques

IMPERIUM ESTATAL - A DITADURA DO ESTADO




Em 1792, três anos após a Revolução Francesa, Wilhelm von Humboldt, aos 25 anos, escreveu: “Ideias para uma tentativa de determinar os limites da eficiência do Estado”, cuja tese central era de que o Estado não deveria se preocupar com o bem-estar positivo de seus cidadãos; mas apenas com o bem-estar negativo de seus cidadãos. E escreveu: “O Estado se abstém de todos os cuidados com a prosperidade positiva de seus cidadãos e não vai além do necessário para garantir contra si próprio e contra inimigos estrangeiros; ele não limita a liberdade deles para nenhum outro propósito”. Em uma carta a Gentz em 1791: “O princípio de que o governo deve garantir felicidade e bem estar físico e moral, é precisamente o pior e o mais opressivo despotismo”. (Fonte: título acima da Ed. Freis Geistesleben, 1962, Schweiz).

No século XIX surgiu a crença dogmática de “Estado Unitário” (estatização), como panaceia para resolver todos os problemas. Por muito tempo o mundo todo vivia sobressaltado, pois dependia do “telefone vermelho” entre dois presidentes: dos USA e da URSS. E mesmo atualmente é assim que ocorre: poder absoluto centralizado nas mãos dos presidentes dos países. E essa sensação de poder respinga para a base da pirâmide estatal: quem não deseja passar no concurso para cargo público? Ter emprego (e aposentadoria) garantido, enquanto a maioria amarga uma luta desgraçada para sustentar a vida nababesca dos Senhores do Imperium Estatal?

Afinal, o Estado serve para servir à sociedade? Ou a inversão de valores: o povo serve para sustentar um Estado paquidérmico? Como no caso atual do Covid-19, quando todos da linha produtiva amargam prejuízos enormes e quebradeiras, com redução drásticas de ganhos e salários, os “funcionários públicos” (de todos os níveis), políticos, juízes etc – no promontório de seu Olimpo, estão imunes à pandemia; e nem diminuem seus salários. Realmente, essa é a pior ditadura que vivemos: o Imperium Estatal. Estamos repetindo antiga Roma.

Nesse texto de Humboldt, se fosse pensar no bem-estar positivo de seus cidadãos, deveriam também ser proibidos: álcool, cigarro etc, porque matam pessoas. Também as estradas deveriam ser fechadas, porque matam. Esportes radicais também matam. Etc. etc. No caso do Covid-19 o Estado deveria ter dito: nós o ajudaremos se você quiser ficar em casa - preparamos tudo para que a doença possa ser tratada da melhor forma e protegeremos aqueles em risco (cuidar do bem-estar negativo). E nunca poderia dizer: você precisa ficar em casa para não ser infectado (bem positivo do cidadão).

Qual a realidade que vamos enfrentar: o Estado “destruiu a Vida Econômica” de uma maneira sem precedente. Além disso, “destruiu a Vida Cultural”: sem escolas, sem faculdade, sem cinemas, sem museus, sem teatros, sem igrejas etc. Um cinismo de destruição cultural que não ocorreu desde Robespierre e Lenin.

Em princípio, o Estado possui apenas 1/3 de todo organismo social. Os outros 2/3 pertencem à Vida Cultural e à Vida Econômica. Esta é a questão cerne do problema do organismo social saudável. Temos que repensar este organismo social. O Estado precisa dividir sua atuação com as outras duas esferas sociais. Isso tem que ser feito agora. Não vamos querer que se repita isso no futuro.

Baseado no Rundbrief zur Antrop. Dr F. Husemann

Dr. Antonio Marques
Conselho Cultural do Brasil (CCB)

EXISTE DEMOCRACIA LIBERAL?





Denominar “Democracia Liberal” parte de uma falsa visão a respeito do organismo social. Não se pode misturar “liberdade com estado”, pois esses dois conceitos nos remetem às duas esferas do organismo social trimembrado: “Liberdade”, que deve prevalecer na vida do indivíduo (liberalismo); e “Democracia” que traduz regime político assentado na igualdade entre todos perante a lei (jurisprudência). E para completar, falta a “Economia”, na qual deve vigorar a fraternidade, que significa trabalhar para as necessidades dos outros.

Como a Vida Cultural não existe institucionalmente instalada no mundo, o sentimento da individualidade (ou liberalismo) se manifesta por detrás do Estado, da Economia, da Ciência etc. No entanto é preciso que se reconheça como um membro do organismo social que deve nascer no seio da sociedade como Conselho Cultural. Este deve se preocupar com os assuntos culturais/espirituais e tenha como tarefa a promoção dos mesmos.

Por isso nossa proposta de se criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB) em Brasília, como entidade para dialogar com outros dois membros do organismo social. Assim teremos saúde no organismo social trimembrado.

Antonio Marques

PODER MODERADOR- A EXIGÊNCIA DA NOSSA ÉPOCA




Estamos passando por uma crise institucional ímpar, com disputa de poderes entre executivo e judiciário, com apelo às Forças Armadas para agirem como “força moderadora”. Isso decorre da falta de compreensão do que seja um organismo social saudável.

A “polaridade” na política se extrapolou para a sociedade e tenderá a se recrudescer daqui para frente, se não resgatarmos o organismo social sadio nas suas três esferas, que se denomina de “trimembração do organismo social”, através da criação do “Conselho Cultural do Brasil (CCB)” pelo Congresso Nacional, para tornar viável a vida cultural no seio da sociedade, como representante do indivíduo (liberalismo). Dessa maneira o primeiro membro social servirá de norteador das forças sociais e produtivas.

Isso se faz necessário porque daqui para frente, pós-pandemia e nesses anos que se seguirão, em torno de 20 anos, 50% das profissões desaparecerão, por causa da mecanização (robotização), em que o fator mais importante não será o “intelecto” – que se aprende na escola padrão, mas a “consciência” – em que novos valores humanos serão enfatizados. Esse alerta mundial mostra que novos paradigmas sociais devem ser pensados a partir de hoje. Como lidar com essa realidade inusitada? Como preparar a nova geração? Que tipo de ensino? Que tipo de medicina? Quais profissões irão sobreviver e outras que irão existir? Como capacitar as Escolas de Ensino Básico e Profissionalizantes para tamanha mudança? Quem assumirá o papel de orientar nessa empreitada? O Estado? O mercado? Ou o Conselho Cultural do Brasil (CCB)?

Portanto, se não despertarmos para a realidade do organismo social trimembrado, dificilmente se terá este novo membro social e aí a situação social futura será catastrófica. Uma nova ordem social deverá nascer para resgatar a dignidade humana num organismo social trimembrado. Por isso urge a criação pelo Congresso Nacional deste membro social.

O Conselho Cultural do Brasil (CCB) deve ser instalado em Brasília, junto com os demais poderes governamentais, com verba autônoma de custeio, para pagamento de seus funcionários (estes poderão ser remanejados de outros serviços públicos) e para serviços burocráticos, sendo que seus diretores não serão remunerados, pois serão pessoas detentoras de ilibada reputação no âmbito da sociedade, de reconhecida idoneidade moral que possam doar e contribuir com o organismo social saudável.

Portanto, esta é a sugestão deste autor: devemos aproveitar esta chance de crise ou de doença do organismo social polarizado, para repensar as causas da enfermidade social — e a cura será o resgate da Vida Cultural (liberalismo) no seio da sociedade.

Como em qualquer organismo vivo não existe um membro sozinho, o que seria igual a uma perna sem corpo; é preciso entendê-lo como um todo. E o que se presencia hoje é justamente “um membro agigantado”, o Estado mastodôntico (estatização) alternando com o Imperium econômico (neoliberalismo); ou dizendo de outra maneira, vigora atualmente a polaridade “esquerda – direita”. No entanto, para uma nova realidade social, a partir do ponto de vista histórico e por necessidade, o Estado deverá se restringir à sua área de ação (promover “igualdade” entre os cidadãos e manutenção dos serviços básicos - sem bancos e bens de produção) em prol dos outros dois membros. O mesmo se deve exigir da economia (produzir bens para o consumo humano). As independências reivindicadas pela esfera cultural são mais no sentido de crescimento e interdependência, tendo como “causa final” o engrandecimento da totalidade do organismo social e do próprio ser humano.

As instituições sociais surgiram devido à vontade humana de procurar se agregar (a pólis). É importante, doravante, que a “força de vontade atuante” seja direcionada para o “crescimento do outro” na comunidade de vida.

Não se deve entender este membro do organismo social como algo estanque, hermético, como se fosse só “produtivo” dentro de um trabalho intelectual ou meditativo ou dentro da Religião. Muito pelo contrário, a vida do indivíduo (espiritual) só se torna produtiva dentro do mundo, ou seja, ela só “nascerá” se ingressar na vida econômica. Como conceito, a vida do “indivíduo” tem a ver com a educação, o ensino, a cultura, a ciência, a arte, a sabedoria etc, que se situam dentro dele como qualidade espiritual livre (liberalismo) e que se deve realizar no mundo como “bom produtor moral” (ou seja, trabalhar para os outros).

Mas, por ignorância dos governantes, o Estado induz uma ciência, uma pedagogia, uma cultura, uma medicina, uma sociedade, uma economia,... com finalidades “egoístas”, da supremacia estatal. O mesmo se pode dizer da hipertrofia econômica ou neoliberalismo. No entanto, se a vida espiritual do indivíduo não recebe a liberdade necessária para crescer e desabrochar, essa “força” retrocede e se transforma em “egoísmo” doentio na vida individual, em “guerra” na vida política e em “concorrência” na vida econômica (entre produtores). E os consumidores passam a reivindicar para si direitos “ilimitados” de escolha para todas as possibilidades de prazeres que se possam comprar.

No fundo, o que está faltando no organismo social trimembrado é a “Vida Cultural”, que deve nutrir espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente produtivo”. 

Como se viu, o Estado tem outras específicas funções e precisa acordar para a sua realidade social, enquanto que a economia tem outras missões. Há a necessidade de se concretizar a Vida Cultural no mundo; e uma das metas deste órgão no organismo social deverá ser o de fomentar a atividade cultural, a ciência, a educação, a de promover o indivíduo na sociedade, a de integração internacional etc. O dinheiro, que é um instrumento da vida espiritual no mundo, deverá ser usado com esse objetivo. Para isso, será preciso criar um departamento específico, dentro do CCB, no sentido de que o dinheiro cumpra o seu papel econômico, social e individual. Esse departamento deverá funcionar como Banco social — a sugestão é agregar o BNDES (vide outro artigo do autor a respeito) para cumprir sua missão de “Banco Social”.

Também outros departamentos devem ser criados dentro do CCB, como a questão de ensino, profissões, cultura, arte, ciência etc. Mesmo que o Ministério da Cultura (MEC), Ministério da Saúde (MS) etc continuem atrelados ao Estado, nas suas funções burocráticas, a questão de buscar suas “racionalidades” devem ser prerrogativas do CCB.

Portanto, tanto a vida do indivíduo, como a vida jurídica, como a econômica precisam do “alimento” que vem da esfera da Vida Cultural. No primeiro caso, precisa-se resgatar a dignidade humana ao entender o ser humano como ser que precisa se realizar no mundo; em segundo lugar precisa-se elaborar “leis” mais condizentes com a condição humana, que se fundamentem na vida do “direito”; e em terceiro lugar, necessita-se da participação de pessoas com “juízo econômico”, que entendam da prática econômica, que possam fundar “associações econômicas”, para dar um rumo certo à realização do homem no mundo. Com relação à “circulação do dinheiro”, que é uma função bancária, deveria ser integrada à Vida Cultural (CCB). Assim o dinheiro poderá assumir a sua verdadeira e específica função no mundo = para a pessoa moralmente produtiva.

Nesses termos pede-se deferimento

Atenciosamente

Dr. Antonio Marques
Membro do CCB

A ORIGEM DO “SOCIALISMO”





Seu criador foi Henri de Saint Simon (1760 - 1825) que defendeu a tecnocracia (governar através da técnica) e o planejamento industrial. Seu lema era: “cada um segundo sua capacidade; a cada capacidade segundo seu trabalho”. Sua visão apontava para o trabalho como gerador da produção econômica; e desta beneficiaria a todos. Exigia-se “trabalho” para gerar produção. Ou seja, deve-se trabalhar para o social, para o outro.

Depois Noël Babeuf retirou a fundamentação teológica, para distribuição de riquezas e propriedades, para diminuir a distância entre ricos e pobres. Ou seja, suprimiu-se o “trabalho” para entrar no final: a divisão de riquezas. Dessa maneira estava se cumprindo a Utopia de Tomás Morus, a “ilha da felicidade” (você merece ser feliz) - dividir as riquezas, mas sem trabalhar.

Finalmente Karl Marx levou a extremo, dizendo que para conseguir o que Babeuf dizia, seria conseguido através da luta de classe e da ditadura do proletariado (= comunismo).

Portanto, é preciso resgatar e salvar o Socialismo para sua finalidade precípua, conforme seu criador acima: “cada um segundo sua capacidade de trabalho”. Ou seja, socialismo significa trabalhar para o social, para os outros, significa nos tornarmos moralmente produtivos.
“Socialismo rima com Moralidade”. Por isso deve fazer parte do organismo social como um todo. Assim como nosso organismo físico é dividido em três partes (cabeça, tronco e membros), também o organismo social é trimembrado:

Liberalismo — Vida Cultural/Espiritual (liberdade)
Democracia — Vida Jurídica/Política (igualdade)
Socialismo — Vida Econômica (fraternidade)

Esta citação de Steiner mostra que cada esfera do organismo social tem que trabalhar em integração com as demais — toda vez que uma área sai do conjunto, gera-se uma patologia social:

Liberalismo —> neoliberalismo
Democracia —> ditadura
Socialismo —> comunismo

“A humanidade não terá mais o que dizer, se não estruturar seu organismo social no sentido da trimembração: do socialismo para a vida econômica; da democracia para a vida do direito (ou do estado); e a liberdade ou do individualismo para a vida do espírito”.
GA 206, palestra de 9.8.19 p.18 Col RYS.


Antonio Marques

A ORIGEM DA ESQUERDA




Como surgiu a Esquerda no cenário político mundial? No passado remoto existia a monarquia, um povo governado por um Raja (na antiga Índia) ou um Rei (como conhecemos). A Esquerda se consolidou na Assembleia Constituinte da Revolução Francesa (1789), onde dois grupos se sentaram: “à esquerda” (la gauche) e “à direita” (la droite) ou monarquistas.

Isso só ocorreu porque não tivemos o reinado do príncipe Kaspar Hauser von Baden, neto de Napoleão, que iria governar a Confederação do Reno (Rheinbund). Raptado ao nascer (1812), para ser prisioneiro até seus 16 anos e solto em Nüremberg (Alemanha) — para ser assassinado em seguida. Esse principado iria trazer os três ideais “Iluministas” (1700): liberté - egalité - fraternité, através das Cartas Estéticas de Schiller (vide o livro “Psicologia Goethiana” - Ed. Barany - SP, deste autor).

Em decorrência de não termos tido esse principado, nasceu a Esquerda Socialista como força política polar ao poder constituído direitista, através do “Manifesto Comunista”, de Marx und Engels (1848). E inicialmente vemos essa força se mostrar em três ocasiões, antes de difundir mundo afora:

1) Adolf Hitler fez oposição pesada à República de Weimar (direitista) com uma plataforma política de ser “contra o capitalismo” (e comunismo, seu oponente no Parlamento) como sendo parte da conspiração judia. Tentou golpe de Estado, mas foi preso. Depois de solto caiu nas graças do povão e entrou no Partido dos Trabalhadores alemão - depois Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (1919). Como chanceler começou sua maquinação para impor sua ideologia esquerdista = contra tudo o que havia de direita até então. Para isso precisava de um bode expiatório - o povo judeu.

2) Vladimir Lênin, do Partido Bolchevique, liderou a Revolução Russa de 1917, derrubando a monarquia czarista de Nicolau II e fundando a União Soviética.

3) Benito Mussolini, líder do Partido Nacional Fascista Italiano (1921), o qual nasceu em parte como reação à Revolução Bolchevique (1917), em parte contra as ideias liberais democráticas pós I Guerra e às fortes lutas dos trabalhadores e seus sindicatos. O detalhe mais importante: esse movimento político se insurge contra o rei Vítor Emanuel III na “Marcha sobre Roma (1922), para instaurar seu regime esquerdista fascista.

Portanto, só teremos paz entre as pessoas e suas ideologias partidárias, se resgatarmos as bases do “organismo social trimembrado”, entre:

Liberdade — para o indivíduo - com a criação do Centro Cultural do Brasil (CCB), a ser instalado em Brasília (DF)

Igualdade — perante as leis (vida jurídica/política)

Fraternidade — produzir e consumir (economia)

Antonio Marques

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO




Em primeiro lugar temos que perguntar a respeito dessas ondas de viroses que nascem na China. Teoria da Conspiração? Estranhamente toda vez que o governo comunista chinês se vê em situação de desabastecimento ou de inflação, surge uma virose em seu território e se espalha rapidamente mundo afora, provocando “crash” nas Bolsas de Valores — menos na China, que consegue ter saldo positivo (UAU, Deus é chinês), inclusive comprando indústrias europeias e norte-americanas, como ocorrido recentemente. Essas são evidências difíceis de se explicar. Vamos lá:

Em 1960, virose asiática. Certos autores acreditam que tenha ocorrido mutação entre patos selvagens e cepas humanas — China.
Em 2002, SARS-Cov (Síndrome Respiratória Aguda Grave) — China.
Em 2003, gripe aviária (H5N1) — China.
Em 2009, gripe suína — China.
Em 2020, corona vírus, como mutação do SARS-Cov-2 (COVID-19) — China.

Em segundo lugar, até jornais famosos começam a levantar hipóteses dedutivas. The Washington Post noticia que a pandemia mortal de vírus animal se espalhou globalmente e pode ter se originado em um dos dois laboratórios (secretos) de Wuhan, vinculados ao programa chinês de guerra biológica, que trabalham com vírus mortais.

Esse novo vírus é um SARS-Cov-2, mutação do anterior, com grande capacidade de disseminação, atacando garganta e depois o pulmão, provocando inflamação e depois fibrose = morte. Por isso seus sintomas: dor de garganta, febre e tosse seca. Isso ocorre em pessoas vulneráveis e idosas. Pessoas resistentes apresentarão gripe forte (mais de 80% dos casos).

Prevenção: estarmos fortes espiritualmente (não absorver o mal). Como medicamento: Infludo - 10 gotas (criança) ou 30 gotas (adulto), de 12/12h. Em locais sem acesso aos remédios Weleda, formular o medicamento:

Ferrum phosphoricum D8
Mercurius solubilis D8
Eucaliptus D1
Aconitum D1
Silícia D8
10 gotas (criança) ou 30 gotas (adulto) 2x/dia


Melhorar a condição alimentar. Ex. Pela manhã “müsli” (granola + frutas + iogurte + Própolis verde - 3 gotas + raspinha de limão congelado).

Sinais de infecção: repouso imediato e deixar a febre combater o vírus. E procurar um médico. Em casos de vulneráveis: aumentar os anticorpos com Viscum (suíço).

Antonio Marques

CORONAVÍRUS e ECONOMIA




Toda doença ou crise é uma chance para repensarmos sobre nós mesmos e sobre o mundo em que vivemos. O que podemos aproveitar deste coronavírus? A separação compulsória das pessoas nos levou a uma tomada de auto consciência, como fator de crescimento individual, como ser autônomo e a refletir sobre nossa atuação no mundo — através do “trabalho”.

Com o mercado paralisado, queda na arrecadação e o perigo iminente de perda de emprego, “patrão e funcionário” foram obrigados a sentar e discutir sobre o trabalho. Ambos precisam procurar uma solução — sem intermediação sindical, instituição esta, resquício da Idade Média, de interesse classista e que não entende como funciona a engrenagem da economia.

Ambos começaram a vestir a camisa da empresa, pois é daí que usufruem lucro e salário (ou remuneração). Ambos tiveram que abrir mão de certas regalias para sobreviver: diminuição de trabalho com diminuição de ganho. Eles chegaram ao “valor agregado”, cujo significado traduz que ambos trabalham para o mesmo objetivo. Como funciona isso?

Vamos começar pela questão salarial: “pagar pelo trabalho” vem do tempo em que ainda existiam escravos, quando o ser humano era vendido como mercadoria. Essa visão distorcida ocorre justamente por faltarem as questões básicas na troca de valores: “trabalho versus salário”. Assim se estabelece uma falsa noção do chamado vínculo empregatício. O “mercado de escravos” transformou-se em “mercado de trabalho”. Esse é um dos motivos de o “egoísmo” do patrão usurpar o trabalho alheio. Em contrapartida, o funcionário se transforma em um auto-sustentador. Ou seja, ele trabalha para si, egoisticamente para o seu salário. Como se sabe, pela “divisão de trabalho”, ninguém trabalha para si, mas se trabalha para os outros, para as necessidades dos outros. O trabalho também não é mercadoria, e não será o número de horas trabalhadas que resultará no salário correspondente. Como fica isso? A questão salarial precisa ser melhor esclarecida, através de outro enfoque: Para começar uma empresa, o industrial ou o pioneiro, precisará de “capital” para iniciar o empreendimento, “solicitar terras”, maquinários, pagar os juros do “empréstimo” etc. O restante do que entra é o valor proporcionado por todos os que trabalham naquele serviço. Denomina-se “valor agregado”, ou seja, “valor” que pode ser repartido entre todos os que participam desse crescimento empresarial. Portanto o salário constitui a participação no “valor agregado” da empresa. Por isso o salário não é “despesa” e nem corresponde ao “preço do trabalho”. Aliás, o que é vendido não é o trabalho, mas sim o “produto” do trabalho. Por isso a palavra certa para “salário” é remuneração e isso traduz o “valor do trabalho” e não o seu preço. O produto do trabalho, no fundo, pertence ao funcionário. Nesse caso, toca-se num problema crítico, que é a relação de trabalho. Ou seja, não se troca o trabalho por qualquer outra coisa, pois não existe um valor que possa definir o “trabalho” de outro elemento. Em verdade, o que ocorre é uma troca de valores. O funcionário produz algo e o empresário apenas lhe compra o produto final. Portanto é o empresário quem compra os produtos do trabalhador e, com seu espírito empreendedor empresarial, consegue usufruir o lucro na circulação da mercadoria, através do preço. Portanto, o preço tem a ver com a mercadoria e deve ser procurado entre os comerciantes, aqueles que compram e vendem. Desse modo, nas relações de trabalho, ocorre uma verdadeira compra. Por isso a “relação empregatícia” deve ser baseada em novos elementos de “troca”, entre os dois interessados: o empregador e o empregado. Ambos têm um objetivo comum, o de crescimento da empresa. Ou seja, ambos disputam adistribuição de rendimentos, o “valor agregado”.

Por isso, Economia tem a ver com “produção, circulação e consumo de bens materiais para satisfazer as necessidades humanas”. No fundo, significa a “realização do homem no mundo”. A mercadoria é colocada em um fluxo globalizado, mundial, para ser consumida. É preciso que os três interessados, na vida econômica, “o produtor, o comerciante e o consumidor”, ou seus representantes, se reúnam em “Associações Econômicas”, no sentido de traçar as verdadeiras metas econômicas. Só assim se poderá controlar o preço, valorizar o trabalho humano e atender aos interesses do consumidor!
Acho que o mundo irá mudar depois desta epidemia. Se não mudar, outra epidemia virá para nos ensinar.

Antonio Marques
Membro do Conselho Cultural do Brasil (CCB)


LIBERDADE - IGUALDADE - FRATERNIDADE





Recentemente li um artigo da Monica de Bolle, pesquisadora Sênior do Peterson Institute for International Economics e prof da Uni Johns Hopkins, sobre Freiheit (Liberdade), enfocando “não há liberdade onde há injustiça”.

Numa leitura desatenta, caímos no lugar comum das mentes dualistas e indutivas, que misturam “liberdade com justiça”. No entanto esses dois conceitos nos devem remeter às duas esferas do organismo social trimembrado: “liberdade”, que deve prevalecer na vida do indivíduo, como qualidade associal que existe dentro de cada um (liberalismo). “Igualdade” entre todos perante a lei, e que deve prevalecer na vida social (democracia). “Fraternidade” para trabalhar para os outros como bons produtores morais (Economia).

Como a Vida Cultural não existe institucionalmente instalada no mundo, esse “sentimento da individualidade” (ou da liberdade) se manifesta por detrás da Ciência, da Religião, do trabalho etc. No entanto é preciso que se reconheça como um membro do organismo social que deve nascer no seio da sociedade, para “promoção do indivíduo no mundo” e não se cometa mais disparates desse quilate.

Por isso nossa proposta de se criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB) em Brasília, como entidade para dialogar com outros dois membros do organismo social.

Antonio Marques

AS NATUREZAS DA LIBERDADE – INTUIÇÃO – VERDADE – AMOR





Schiller em seu livro Cartas Estéticas, diz: “nós não somos porque pensamos, queremos e sentimos. (...) Nós somos porque somos. Nós sentimos, pensamos e queremos, porque além de nós existe algo diverso. A pessoa, pois, tem de ser seu próprio fundamento, já que o permanente não pode resultar de modificação; teria assim, inicialmente, a ideia do ser absoluto fundado em si mesmo; isto é a liberdade” (São Paulo : EPU, 1992, p.73).

Steiner em seu livro Filosofia da Liberdade (4 ed. São Paulo : Antroposófica, 2008), na 1ª parte, trata sobre “reconhecimento objetivo”: a intuição é a forma pela qual o pensamento pode se reconhecer e se observar (Eu sou eu) — eu sou livre no pensar. Para atingir a esse patamar, necessita-se do pré-requisito dedutivo goethiano: “observar - intelectualizar - idear”. Caso bem realizado, abre-se a porta do conhecimento superior, através das qualidades: “imaginação - inspiração - intuição”, respectivamente.

Nesse caso, a verdade é acessível a todos — a verdade como produto livre do espírito humano (GA 3). Isso traduz que temos que gerar a verdade quando observamos nosso próprio pensamento — somos livres nessa esfera.

Na 2ª parte desse livro, Steiner aborda a intuição como fonte da mais alta moralidade — “intuição moral”. O ser humano que age na liberdade atua por intuição e esta torna-se motivo e força motriz por detrás da ação por amor.

E amor tem a ver com a pura doação do Deus-Filho, do Verbo-encarnado, aos seres humanos. Tem o matiz dos Serafins, que são Seres do Amor, que permeiam a região inferior humana, nos membros, como “potência”, esperando nossa vontade, para que esta se transforme em “ato”. Dessa maneira tornamo-nos “seres morais”.

Portanto, “amor, intuição, liberdade e verdade” — são parâmetros iguais, pois correspondem à mesma esfera. Este é o ideal a ser almejado, porque é o nosso ser. Nós não somos livres ou não-livres. Estamos a caminho da liberdade, cada vez que percebemos “intuição, liberdade, verdade, amor e moralidade” em nossas ações.

Antonio Marques

Texto inspirado no Rundbrief zur Anthroposophie
Dr. F.Husemann

FANTASIA MORAL




Nada mais incongruente associar duas palavras de significados tão diferentes — termo criado por Rudolf Steiner na sua Filosofia da Liberdade (4ª ed. São Paulo : Antroposófica, 2008), para refutar a arrogância filosófica do séc. XIX: “o mundo é minha representação cerebral, fruto da minha imaginação”. Qual a argumentação para referendar a Fantasia Moral? Terá importância para nossa época?

A Moral nasceu na antiga Roma, nos comícios e assembleias populares, numa forma de normatizar igualitariamente posturas sociais dos indivíduos — resultando na Justiça e no Direito. Contrário da “ética”, que nasceu na antiga Grécia e diz respeito à busca de virtude — caminho interior de realização individual, que Steiner renomeou de “individualismo ético”. Por isso não se pode dizer “código de ética”, pois o pensar, o sentir, ainda repousam dentro do indivíduo. Só quando o ato, o gesto, forem executados no mundo, se é passível de julgamento moral. Por isso os códigos devem ser morais.

Já a fantasia é revelada na capacidade de fazer imagens mentais, um caminho interior (como a ética). Se olho um objeto, faço sua imagem na minha cabeça — amanhã posso recordar, capacidade básica da nossa criatividade. Se não consigo recordar, serei demente. Do ponto de vista científico pode ser errado e falso em relação ao original; mas artisticamente, é uma habilidade imponderável emocionante (por isso a fantasia faz parte da alma): posso retocar ou mudar a imagem para que ela se torne bonita e me faça feliz. A imaginação é baseada em mudança de ideias ou de imagens. Nesse caso, todos somos artistas de nossas próprias ideias. Sem imaginação ou fantasia não haveria invenção e nem progresso; tudo permaneceria o mesmo, preso ao passado normativo.

Ou seja, vivemos essa dualidade, essa polarização: no mundo somos induzidos a ser críticos, competitivos e agressivos — por isso o código “moral” (externo) serve para nos dar limites. Em contrapartida, no nosso interior, carregamos benevolência, benquerença, afabilidade - e até perdoamos nossos deslizes — e, ao usar a “fantasia”, criamos possibilidades imaginativas
com graciosidade, estética e beleza.

Mas o fator mais importante da Fantasia Moral tem a ver com a “inversão” dessas forças = para o interior (onde vive a fantasia) devemos introjetar a “moralidade”: auto-crítica, auto-censura, auto-admoestação. E para fora (onde vive a moral) devemos exalar “fantasia”: com grandiosidade, com beleza, com amor nos nossos gestos, profissões e criações.

Devemos colocar nosso interior para fora, externar a “fantasia através da moralidade”, para nos tornarmos indivíduos moralmente produtivos. Assim construiremos novo amanhã.

Antonio Marques

Referência: Rundbrief zur Anthroposophie
Dr F. Husemann

TRIMEMBRAÇÃO SOCIAL



De nada vale o conhecimento sobre Trimembração Social se não tivermos Educação e Cultura, os quais devem ser os instrumentos de elevação humana, através da conquista da virtude, o que se pode denominar de “individualismo ético”. Mas não se pode ficar centrado em si mesmo: é preciso  que o ser humano se realize no mundo como ser moralmente produtivo. Para isso, a vida cultural/espiritual deve criar Bancos sociais, no sentido de que o dinheiro cumpra o seu papel individual, social e econômico. O “Banco social” deverá visar a “circulação do dinheiro”, no sentido de fomentar o capital de empréstimo e de doação, para aqueles que necessitam de meios para trabalhar economicamente no mundo, ou para a cultura.

Outra medida importante é entregar à iniciativa privada as estatais, seus bens e propriedades. Com relação à Terra, é preciso se chegar a novos conceitos, pois, nas “eras rudes da sociedade”, ela não pertencia a ninguém. O monarca, ou senhor do feudo, apenas arrendava do rei. Justamente o rendimento elevado da terra provoca um aumento do preço dos produtos. Enquanto permanecer o crédito real, para a terra, sem se cultivar nada, deixando-a em seu estado original, como nos grande latifúndios, se estará apenas elevando o preço da terra. Esse capital acumulado, especulativo, artificial, é altamente danoso para a economia, porque a natureza não pode ser ligada ao capital, mas ao trabalho. Pela própria condição da natureza, as terras não podem aumentar de valor, se não se aplicar um trabalho nelas. A terra, por sua própria condição natural, não tem valor. É o trabalho que deve ser considerado como elemento de elevação do valor e não a terra em si. Por isso, o crédito, o capital, deve ser direcionado para quem quer trabalhar e não para a terra. É preciso que o setor jurídico trace as normas legais na nova estruturação do organismo social, no sentido de que a terra não seja possuída nem pelo Estado nem pelo indivíduo. Ela poderá apenas ser colocada à disposição para uso, através de uma Carta de Direito da Terra, a ser elaborada pela Justiça. Inclusive, com esta proposta, deverá ser estabelecida a nova política agrária, pois não mais existirão os “sem terras”. Todos terão uma terra.

Nesse sentido, a produção tem a ver com: os bens de capital, a força do trabalho e a terra. Os bens de capital constituem a capacidade do espírito humano, que se condensa numa máquina, numa fábrica. Essas podem produzir bens para serem consumidos, mas elas mesmas não podem ser consumidas. Para isso, sempre se utiliza alguma matéria-prima que vem da “terra” e, através do “trabalho”, esses bens entram em “movimento”, na circulação comercial. Para se realizar algo no mundo, necessita-se de crédito pessoal. Esse aspecto implicará na estruturação da Vida Cultural/espiritual no mundo, para que esta crie Bancos sociais.

Antonio Marques

(Referência: Steiner, Fernandes, Smith, Budd, Vogel e Hermannstorfer)

CARTA AO POVO BRASILEIRO



Estamos passando por uma crise do organismo social de grande envergadura, reflexo da polarização ocorrida na Assembléia Constituinte da Revolução Francesa (1789), entre “gauche et droite”, cujos representantes se sentavam à “esquerda” (republicanos) e à “direita” (monarquistas), respectivamente. Porque o mundo ficou polarizado desde então?

Porque não tivemos o reinado do Grão-duque Kaspar Hauser von Baden (1812 – 1833), neto de Napoleão Bonaparte que, ao vencer o Sacro Império Romano-Germânico (Áustria e Prússia) na batalha de Austerlitz, aglutinou 16 estados alemães sob a denominação de Confederação do Reno (Rheinbund), querendo com isso conseguir a paz na Europa e concretizar o iluminismo(movimento cultural do séc. XVIII), que varreu o mundo com suas ideias revolucionárias de “liberdade” no pensar, “igualdade” na vida do direito e “fraternidade” na vida econômica, ficando conhecido como os três ideais da Revolução Francesa: “liberté – egalité – fraternité”.

Enquanto na França ocorreu a revolução armamentista, com a queda da monarquia, na Alemanha a Revolução foi filosófica, através de Friedrich Schiller (1759 – 1805) com suas Cartas Estéticas. O que essas Cartas falam? Elas relacionam as forças humanas presentes no organismo social, abordando as mesmas forças polares e sugerindo encontrar um meio termo, que ele nomeia de “Cultura”.

No fundo, o que está faltando no organismo social trimembrado é a Vida Cultural, que deve nutrir espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente produtivo”.  Ou seja, como Rudolf Steiner fala: “ao lado do Parlamento Político, que administra a posição jurídica do indivíduo perante a coletividade e do povo todo perante o mundo internacional, e ao lado do Conselho Econômico, que deve zelar pelas bases materiais da vida do povo, precisamos de um Conselho Cultural que se preocupe com os assuntos espirituais e tenha como tarefa a promoção dos mesmos” (GA 202, p.203).

Portanto, esta é a sugestão deste autor: devemos aproveitar esta chance de crise ou de doença do organismo social polarizado entre "dois poderes", para repensar as causas da enfermidade, resgatar a Vida Cultural no seio da sociedade com a criação do Conselho Cultural do Brasil (CCB).

Antonio Marques

MINUTA PARA CRIAÇÃO DO CONSELHO CULTURAL DO BRASIL (CCB)



Assunto: Pré-Projeto de Lei para criação do Conselho Cultural do Brasil (CCB)





1. ADVERTÊNCIAS

A “polaridade” na política se extrapolou para a sociedade e tenderá a se recrudescer daqui para frente, se não resgatarmos o organismo social sadio nas suas três esferas, que se denomina de “trimembração do organismo social”, através da criação do “Conselho Cultural do Brasil (CCB)” pelo Congresso Nacional, para tornar viável a vida cultural no seio da sociedade, como representante do indivíduo (liberalismo). Dessa maneira o primeiro membro social servirá de norteador das forças sociais e produtivas.

Isso se faz necessário porque daqui para frente, em torno de 20 anos, 50% das profissões desaparecerão, por causa da mecanização (robotização), em que o fator mais importante não será o “intelecto” – que se aprende na escola padrão, mas a “consciência” – em que novos valores humanos serão enfatizados. Esse alerta mundial mostra que novos paradigmas sociais devem ser pensados a partir de hoje. Como lidar com essa realidade inusitada? Como preparar a nova geração? Que tipo de ensino? Que tipo de medicina? Quais profissões irão sobreviver e outras que irão existir? Como capacitar as Escolas de Ensino Básico e Profissionalizantes para tamanha mudança? Quem assumirá o papel de orientar nessa empreitada? O Estado? O mercado? Ou o Conselho Cultural do Brasil (CCB)?

Portanto, se não despertarmos para a realidade do organismo social trimembrado, dificilmente se terá este novo membro social e aí a situação social futura será catastrófica. Uma nova ordem social deverá nascer para resgatar a dignidade humana num organismo social trimembrado. Por isso urge a criação pelo Congresso Nacional deste membro social.

2. CRIAÇÃO DO CONSELHO CULTURAL DO BRASIL (CCB)

Estamos vivendo uma crise do organismo social de grande envergadura, reflexo da “polarização” ocorrida na Assembléia Constituinte da Revolução Francesa (1789), entre “gauche et droite”, cujos representantes se sentavam à “esquerda” e à “direita”, respectivamente. Porque o mundo ficou polarizado ou dualista ou bimembrado desde então? Porque não tivemos o reinado do Príncipe Kaspar Hauser von Baden (1812 – 1833), neto de Napoleão Bonaparte que, ao vencer o Sacro Império Romano-Germânico (Áustria e Prússia) na batalha de Austerlitz, aglutinou 16 estados alemães sob a denominação de Confederação do Reno (Rheinbund), querendo com isso conseguir a paz na Europa e concretizar o “iluminismo” (movimento cultural do séc. XVIII), que varreu o mundo ocidental com suas ideias revolucionárias de “liberdade” para o indivíduo, “igualdade” na vida do direito e “fraternidade” na vida econômica, ficando conhecido como os três ideais da Revolução Francesa: “liberté – egalité – fraternité”. Também no Brasil ocorreram Revoluções, conhecidas como Conjurações: Mineira (1789), Baiana (1796), Carioca (1798), dos Suassunas (1801) e Pernambucana (1817).

O que esse principado de Kaspar Hauser traria de importância mundial? Seu reinado serviria a vitrine para expor a ideia da “trimembração do organismo social” ao mundo, de uma forma imagética, através das Cartas sobre a Educação Estéticas da Humanidade, de Friedrich Schiller (1759 – 1805). Por causa do rapto de Kaspar ao nascer, não tivemos seu principado; e em compensação nasceram: a “esquerda – direita”, as duas Guerras Mundiais, o Comunismo (Bolchevique), o Nazismo, a ditadura fascista italiana, o estado Islâmico etc.

Atualmente apenas a “vida cultural” (liberalismo) não existe como realidade institucionalizada. Apesar de esse membro social estar presente desde o início da humanidade, na forma de “Religião”, assume hoje uma postura (inconsciente) como detentora da cultura, da arte, da educação, da ciência. Isso ocorreu, porque os outros dois membros sociais adquiriram independência durante a evolução histórica. Atualmente, a Vida Cultural está apenas servindo de norteadora da ética e da moral, numa forma “nebulosa” e inconsciente nas mentalidades das pessoas e nas instituições. No entanto ela permeia os outros dois setores do organismo social, porque por detrás da vida “social” (política) e da vida “econômica” se encontra o espírito humano. O indivíduo é que se imiscuiu, numa forma de se realizar no mundo, através da política (viver em sociedade) e finalmente através do lidar com as coisas materiais (economia). 

O Conselho Cultural do Brasil (CCB) deve ser instalado em Brasília, junto com os demais poderes governamentais, com verba autônoma de custeio, para pagamento de seus funcionários (estes poderão ser remanejados de outros serviços públicos) e para serviços burocráticos, sendo que seus diretores não serão remunerados, pois serão pessoas detentoras de ilibada reputação no âmbito da sociedade, de reconhecida idoneidade moral que possam doar e contribuir com o organismo social saudável.

Portanto, esta é a sugestão deste autor: devemos aproveitar esta chance de crise ou de doença do organismo social polarizado, para repensar as causas da enfermidade social — e a cura será o resgate da Vida Cultural (liberalismo) no seio da sociedade.

3. ORGANISMO SOCIAL TRIMEMBRADO

Como em qualquer organismo vivo não existe um membro sozinho, o que seria igual a uma perna sem corpo; é preciso entendê-lo como um todo. E o que se presencia hoje é justamente “um membro agigantado”, o Estado mastodôntico (estatização) alternando com o Imperium econômico (neoliberalismo); ou dizendo de outra maneira, vigora atualmente a polaridade “esquerda – direita”. No entanto, para uma nova realidade social, a partir do ponto de vista histórico e por necessidade, o Estado deverá se restringir à sua área de ação (promover “igualdade” entre os cidadãos e manutenção dos serviços básicos - sem bancos e bens de produção) em prol dos outros dois membros. O mesmo se deve exigir da economia (produzir bens para o consumo humano). As independências reivindicadas pela esfera cultural são mais no sentido de crescimento e interdependência, tendo como “causa final” o engrandecimento da totalidade do organismo social e do próprio ser humano.

As instituições sociais surgiram devido à vontade humana de procurar se agregar (a pólis). É importante, doravante, que a “força de vontade atuante” seja direcionada para o “crescimento do outro” na comunidade de vida.

4. CONSELHO CULTURAL DO BRASIL (CCB)

Não se deve entender este membro do organismo social como algo estanque, hermético, como se fosse só “produtivo” dentro de um trabalho intelectual ou meditativo ou dentro da Religião. Muito pelo contrário, a vida do indivíduo (espiritual) só se torna produtiva dentro do mundo, ou seja, ela só “nascerá” se ingressar na vida econômica. Como conceito, a vida do “indivíduo” tem a ver com a educação, o ensino, a cultura, a ciência, a arte, a sabedoria etc, que se situam dentro dele como qualidade espiritual livre (liberalismo) e que se deve realizar no mundo como “bom produtor moral” (ou seja, trabalhar para os outros).

Mas, por ignorância dos governantes, o Estado induz uma ciência, uma pedagogia, uma cultura, uma medicina, uma sociedade, uma economia,... com finalidades “egoístas”, da supremacia estatal. O mesmo se pode dizer da hipertrofia econômica ou neoliberalismo. No entanto, se a vida espiritual do indivíduo não recebe a liberdade necessária para crescer e desabrochar, essa “força” retrocede e se transforma em “egoísmo” doentio na vida individual, em “guerra” na vida política e em “concorrência” na vida econômica (entre produtores). E os consumidores passam a reivindicar para si direitos “ilimitados” de escolha para todas as possibilidades de prazeres que se possam comprar.

No fundo, o que está faltando no organismo social trimembrado é a “Vida Cultural”, que deve nutrir espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente produtivo”. 

Para quem pensa superficialmente, imputando ao Conselho Cultural apenas conclaves filosóficos ou discussões pedagógicas livres ou uma medicina humanizada ou uma agricultura não pesticida etc, ficará estupefato pelo tópico que se adentrará a seguir.

Com relação ao “capital”, resulta de uma síntese entre o espiritual e o terreno. Com ele se pode fazer o que se quiser no mundo. É preciso, no entanto, considerar as três formas do dinheiro: de compra, de investimento e de doação. O dinheiro de compra pertence à vida econômica, pois se pode com ele adquirir e trocar bens. Corresponde ao lado egoísta normal, quando se refere à condição física de subsistência: alimentação, moradia, aluguel, vestuário, colégio das crianças, pagamento de viagens e de consultas etc. Com relação ao dinheiro de investimento, corresponde a poupança e empréstimos. Nesse caso é necessário efetivar uma relação de direito, com um documento pormenorizado do tempo de poupança ou de uso de empréstimo, dos juros, da forma de retorno etc. A terceira forma do dinheiro é a doação. Poderia surgir a argumentação de que o imposto ao Estado já é uma forma (compulsória) de doação e nesse caso não se precisaria mais “doar” para outras iniciativas. No entanto é preciso entender este aspecto a partir da sua origem. É preciso entender que o capital surge em decorrência da capacidade humana; e nesse sentido seria lógico que os excedentes da produção (os lucros) fossem direcionados de volta à vida cultural, para patrocinar: ensino, pesquisa, artes, saúde, religião etc. Por isso, as “doações” são as verdadeiras impulsionadoras das iniciativas, sejam elas beneficentes ou culturais.

O que significa ter um capital livre, do qual tenha desaparecido o trabalho? É um capital acumulativo ou “capital devedor”, que pode se tornar um “capital de empréstimo”, para se tornar, por meio do espírito criador humano, “capital produtivo”. A isso se denomina “circulação de capital” e é o mesmo processo que ocorre no “sangue humano”. Este, ao percorrer os pequenos vasos sangüíneos (capilares), “caminha sozinho”. Mas quando o sangue cai na gravidade (nos grandes vasos), começa a parar. É preciso que uma “força propulsora” imprima novamente maior “velocidade” e isso é realizado pelo coração. Esta é a função do Banco. Além disso, antes de devolver o sangue ao corpo, o que o coração faz? Encaminha o sangue ao pulmão, para ser “oxigenado”, isto é, para o sangue ficar novo. O mesmo se observa no caso de certa quantidade de dinheiro ficar guardada em casa: ele envelhece (por ter ficado fora do circuito econômico). Precisa ser “revitalizado” pelo Banco, para se transformar em “dinheiro novo” e ser colocado novamente na “circulação”. Assim o seu “poder de compra” aumenta. E é isso praticamente o que o banco faz

Historicamente, só para lembrar, o Banco foi criação dos Templários, uma ordem religiosa cristã guerreira medieval (1119 – 1312), período cultural correspondente à “bimembração social” (Religião e Estado) e que objetivava implantar precocemente a trimembração social.

Neste nosso século deveríamos estar vivendo a trimembração social, mas repetimos velhas cantilenas bi-membradas (esquerda – direita).

Como se viu, o Estado tem outras específicas funções e precisa acordar para a sua realidade social, enquanto que a economia tem outras missões. Há a necessidade de se concretizar a Vida Cultural no mundo; e uma das metas deste órgão no organismo social deverá ser o de fomentar a atividade cultural, a ciência, a educação, a de promover o indivíduo na sociedade, a de integração internacional etc. O dinheiro, que é um instrumento da vida espiritual no mundo, deverá ser usado com esse objetivo. Para isso, será preciso criar um departamento específico, dentro do CCB, no sentido de que o dinheiro cumpra o seu papel econômico, social e individual. Esse departamento deverá funcionar como Banco social — a sugestão é agregar o BNDES (vide outro artigo do autor a respeito) para cumprir sua missão de “Banco Social”.

Quando um interessado em começar um empreendimento e precisar de recursos financeiros, o CCB (administrador do dinheiro) analisará se tal empréstimo tem cabimento, o prazo de retorno do dinheiro etc. O departamento de “banco social” (BNDES) deverá visar a “circulação do dinheiro”, no sentido de fomentar o capital de empréstimo e de doação, para aqueles que necessitam de meios para trabalhar economicamente no mundo e para a cultura.

Também outros departamentos devem ser criados dentro do CCB, como a questão de ensino, profissões, cultura, arte, ciência etc. Mesmo que o Ministério da Cultura (MEC), Ministério da Saúde (MS) etc continuem atrelados ao Estado, nas suas funções burocráticas, a questão de buscar suas “racionalidades” devem ser prerrogativas do CCB.

Portanto, tanto a vida do indivíduo, como a vida jurídica, como a econômica precisam do “alimento” que vem da esfera da Vida Cultural. No primeiro caso, precisa-se resgatar a dignidade humana ao entender o ser humano como ser que precisa se realizar no mundo; em segundo lugar precisa-se elaborar “leis” mais condizentes com a condição humana, que se fundamentem na vida do “direito”; e em terceiro lugar, necessita-se da participação de pessoas com “juízo econômico”, que entendam da prática econômica, que possam fundar “associações econômicas”, para dar um rumo certo à realização do homem no mundo. Com relação à “circulação do dinheiro”, que é uma função bancária, deveria ser integrada à Vida Cultural (CCB). Assim o dinheiro poderá assumir a sua verdadeira e específica função no mundo = para a pessoa moralmente produtiva.

É preciso ter coragem para trilhar este novo caminho.

Nesses termos pede-se deferimento

Atenciosamente

Dr. Antonio Marques

ÍNDICE

Bloco 1 Abuso de Autoridade  O Fim da Política  Violência na Política  O Estado Teocrático  A Intromissão Estatal Imperium Estatal ...