Dando sequência aos textos
sobre a Era da Supremacia do Ego e da Alma da Consciência, chegamos ao patamar
“além do Ego”, morada do Noûs ou Self ou Eu ou Espírito (ou a minha Essentia) —
esta é a última esfera pensamental que eu posso almejar, onde eu sou Eu mesmo.
Explicando de outra maneira: se no Ego tenho a consciência, nesta esfera sou “a
consciência da minha própria consciência” — corresponde ao “Eu sou”. Isso pode
ser melhor entendido através do símbolo da medicina: o “bastão” (Eu) prende a
sua “serpente” (psiquê ou alma) por três partes: cabeça (Ego), tronco
(sentimento) e rabinho (id ou libido). Vide desenho.
Por isso temos dois tipos
de pensamentos: o pensar egóico (da Alma da Consciência - da cabeça da cobra) e
o pensar espiritual (Eu - do bastão). O primeiro está voltado ao mundo empírico
e é dado à experimentação indutiva com seu “julgamento” (super-Ego) matemático:
certo - errado (inclusive é o que se usa no computador). Com ele sabemos nomear
as coisas e corresponde ao primeiro lampejo pensamental desde Adão e Eva
(induzidos pela serpente do Éden: “se comerem daquele fruto, ficarão sábios”).
O segundo é o pensar centrado nele mesmo, quando se medita “o pensar o próprio
pensar”; ou seja, estar ultra consciente de si mesmo, sem usar referências do
mundo — aqui “eu sou eu”. Nessa esfera espiritual toca-se no pensamento divino,
pois como Aristóteles fala: “Deus e eu somos um”. Nesse sentido, o mesmo
pensamento que existe em Deus, também existe em mim (filho de peixe, peixinho
é).
Para aprofundar mais,
vamos recorrer de novo ao pai da Lógica, pois só ele faria esta pergunta: “o
quê pensa Deus?” E ele mesmo responde: “Deus, por ser absoluto e perfeito, não
pode mudar de pensamento, pois então não seria perfeito. Então, o quê pensa
Deus? É um pensamento que se pensa em si mesmo”.
Portanto, quando me
esforço para centralizar meu pensamento nele próprio, estou “imitando” o
pensamento de Deus. Por isso muitos filósofos nomearam essa instância de
“pensar livre” - Steiner (Filosofia da Liberdade) ou “pensar puro” - Hegel
(Propedêutica Filosófica).
Aguarde próximo capítulo
Antonio Marques
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