domingo, 9 de agosto de 2020

CARTA AO POVO BRASILEIRO



Estamos passando por uma crise do organismo social de grande envergadura, reflexo da polarização ocorrida na Assembléia Constituinte da Revolução Francesa (1789), entre “gauche et droite”, cujos representantes se sentavam à “esquerda” (republicanos) e à “direita” (monarquistas), respectivamente. Porque o mundo ficou polarizado desde então?

Porque não tivemos o reinado do Grão-duque Kaspar Hauser von Baden (1812 – 1833), neto de Napoleão Bonaparte que, ao vencer o Sacro Império Romano-Germânico (Áustria e Prússia) na batalha de Austerlitz, aglutinou 16 estados alemães sob a denominação de Confederação do Reno (Rheinbund), querendo com isso conseguir a paz na Europa e concretizar o iluminismo(movimento cultural do séc. XVIII), que varreu o mundo com suas ideias revolucionárias de “liberdade” no pensar, “igualdade” na vida do direito e “fraternidade” na vida econômica, ficando conhecido como os três ideais da Revolução Francesa: “liberté – egalité – fraternité”.

Enquanto na França ocorreu a revolução armamentista, com a queda da monarquia, na Alemanha a Revolução foi filosófica, através de Friedrich Schiller (1759 – 1805) com suas Cartas Estéticas. O que essas Cartas falam? Elas relacionam as forças humanas presentes no organismo social, abordando as mesmas forças polares e sugerindo encontrar um meio termo, que ele nomeia de “Cultura”.

No fundo, o que está faltando no organismo social trimembrado é a Vida Cultural, que deve nutrir espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente produtivo”.  Ou seja, como Rudolf Steiner fala: “ao lado do Parlamento Político, que administra a posição jurídica do indivíduo perante a coletividade e do povo todo perante o mundo internacional, e ao lado do Conselho Econômico, que deve zelar pelas bases materiais da vida do povo, precisamos de um Conselho Cultural que se preocupe com os assuntos espirituais e tenha como tarefa a promoção dos mesmos” (GA 202, p.203).

Portanto, esta é a sugestão deste autor: devemos aproveitar esta chance de crise ou de doença do organismo social polarizado entre "dois poderes", para repensar as causas da enfermidade, resgatar a Vida Cultural no seio da sociedade com a criação do Conselho Cultural do Brasil (CCB).

Antonio Marques

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