Estamos passando por uma
crise do organismo social de grande envergadura, reflexo da polarização
ocorrida na Assembléia Constituinte da Revolução Francesa (1789), entre “gauche
et droite”, cujos representantes se sentavam à “esquerda” (republicanos) e à
“direita” (monarquistas), respectivamente. Porque o mundo ficou polarizado
desde então?
Porque não tivemos o
reinado do Grão-duque Kaspar Hauser von Baden (1812 – 1833), neto de Napoleão
Bonaparte que, ao vencer o Sacro Império Romano-Germânico (Áustria e Prússia)
na batalha de Austerlitz, aglutinou 16 estados alemães sob a denominação de
Confederação do Reno (Rheinbund), querendo com isso conseguir a paz na Europa e
concretizar o iluminismo(movimento cultural do séc. XVIII), que varreu o mundo
com suas ideias revolucionárias de “liberdade” no pensar, “igualdade” na vida
do direito e “fraternidade” na vida econômica, ficando conhecido como os três
ideais da Revolução Francesa: “liberté – egalité – fraternité”.
Enquanto na França ocorreu
a revolução armamentista, com a queda da monarquia, na Alemanha a Revolução foi
filosófica, através de Friedrich Schiller (1759 – 1805) com suas Cartas
Estéticas. O que essas Cartas falam? Elas relacionam as forças humanas
presentes no organismo social, abordando as mesmas forças polares e sugerindo
encontrar um meio termo, que ele nomeia de “Cultura”.
No fundo, o que está
faltando no organismo social trimembrado é a Vida Cultural, que deve nutrir
espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente
produtivo”. Ou seja, como Rudolf Steiner fala: “ao lado do Parlamento
Político, que administra a posição jurídica do indivíduo perante a coletividade
e do povo todo perante o mundo internacional, e ao lado do Conselho Econômico,
que deve zelar pelas bases materiais da vida do povo, precisamos de um Conselho
Cultural que se preocupe com os assuntos espirituais e tenha como tarefa a promoção
dos mesmos” (GA 202, p.203).
Portanto, esta é a
sugestão deste autor: devemos aproveitar esta chance de crise ou de doença do
organismo social polarizado entre "dois poderes", para repensar as
causas da enfermidade, resgatar a Vida Cultural no seio da sociedade com a
criação do Conselho Cultural do Brasil (CCB).
Antonio Marques
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