domingo, 9 de agosto de 2020

IMPERIUM ESTATAL - A DITADURA DO ESTADO




Em 1792, três anos após a Revolução Francesa, Wilhelm von Humboldt, aos 25 anos, escreveu: “Ideias para uma tentativa de determinar os limites da eficiência do Estado”, cuja tese central era de que o Estado não deveria se preocupar com o bem-estar positivo de seus cidadãos; mas apenas com o bem-estar negativo de seus cidadãos. E escreveu: “O Estado se abstém de todos os cuidados com a prosperidade positiva de seus cidadãos e não vai além do necessário para garantir contra si próprio e contra inimigos estrangeiros; ele não limita a liberdade deles para nenhum outro propósito”. Em uma carta a Gentz em 1791: “O princípio de que o governo deve garantir felicidade e bem estar físico e moral, é precisamente o pior e o mais opressivo despotismo”. (Fonte: título acima da Ed. Freis Geistesleben, 1962, Schweiz).

No século XIX surgiu a crença dogmática de “Estado Unitário” (estatização), como panaceia para resolver todos os problemas. Por muito tempo o mundo todo vivia sobressaltado, pois dependia do “telefone vermelho” entre dois presidentes: dos USA e da URSS. E mesmo atualmente é assim que ocorre: poder absoluto centralizado nas mãos dos presidentes dos países. E essa sensação de poder respinga para a base da pirâmide estatal: quem não deseja passar no concurso para cargo público? Ter emprego (e aposentadoria) garantido, enquanto a maioria amarga uma luta desgraçada para sustentar a vida nababesca dos Senhores do Imperium Estatal?

Afinal, o Estado serve para servir à sociedade? Ou a inversão de valores: o povo serve para sustentar um Estado paquidérmico? Como no caso atual do Covid-19, quando todos da linha produtiva amargam prejuízos enormes e quebradeiras, com redução drásticas de ganhos e salários, os “funcionários públicos” (de todos os níveis), políticos, juízes etc – no promontório de seu Olimpo, estão imunes à pandemia; e nem diminuem seus salários. Realmente, essa é a pior ditadura que vivemos: o Imperium Estatal. Estamos repetindo antiga Roma.

Nesse texto de Humboldt, se fosse pensar no bem-estar positivo de seus cidadãos, deveriam também ser proibidos: álcool, cigarro etc, porque matam pessoas. Também as estradas deveriam ser fechadas, porque matam. Esportes radicais também matam. Etc. etc. No caso do Covid-19 o Estado deveria ter dito: nós o ajudaremos se você quiser ficar em casa - preparamos tudo para que a doença possa ser tratada da melhor forma e protegeremos aqueles em risco (cuidar do bem-estar negativo). E nunca poderia dizer: você precisa ficar em casa para não ser infectado (bem positivo do cidadão).

Qual a realidade que vamos enfrentar: o Estado “destruiu a Vida Econômica” de uma maneira sem precedente. Além disso, “destruiu a Vida Cultural”: sem escolas, sem faculdade, sem cinemas, sem museus, sem teatros, sem igrejas etc. Um cinismo de destruição cultural que não ocorreu desde Robespierre e Lenin.

Em princípio, o Estado possui apenas 1/3 de todo organismo social. Os outros 2/3 pertencem à Vida Cultural e à Vida Econômica. Esta é a questão cerne do problema do organismo social saudável. Temos que repensar este organismo social. O Estado precisa dividir sua atuação com as outras duas esferas sociais. Isso tem que ser feito agora. Não vamos querer que se repita isso no futuro.

Baseado no Rundbrief zur Antrop. Dr F. Husemann

Dr. Antonio Marques
Conselho Cultural do Brasil (CCB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ÍNDICE

Bloco 1 Abuso de Autoridade  O Fim da Política  Violência na Política  O Estado Teocrático  A Intromissão Estatal Imperium Estatal ...