Nos capítulos anteriores
caminhamos do “Ego” (ou alma da consciência) ao “Self” (Eu ou espírito), o qual
se pode acessar através da meditação do “pensar o próprio pensar”, no esforço
endo-mental que se precisa fazer para imitar o pensamento de Deus, que goza sua
eternidade centrado Nele próprio (Aristóteles). Esse acme pensamental se nomeia
de “pensar livre” (Steiner) ou “pensar puro” (Hegel), como vimos. Este é o
âmbito da ética, caminho virtuoso que se realiza dentro de si. Por isso Steiner
denomina “individualismo ético”.
Atingir a esse patamar
meditativo pleno de si, como “eu sou”, de se ver como “luz auto-pensante” é
realmente indiscritível. Talvez um Yogue evoluído consiga isso. Mas não podemos
nos vangloriar dessa realização suprassensível — serve apenas para se sentir
como espírito pleno de si (eu sou). O mais importante é retornar para “a
vivência do mundo; e esta pressupõe qualquer coisa além do Eu” — como fala
Johann Gottlieb Fichte, discípulo de Kant.
A finalidade humana
necessita que além de dizer “eu sou”, deve acrescentar “eu sou isso ou aquilo”;
e isso se chama “consciência empírica” (Fichte), por que o homem é sua própria
meta. O homem deve determinar-se a si mesmo e nunca ser determinado por coisa
estranha fora dele. Para isso a consciência do Eu precisa se confrontar com a
realidade física, a qual funciona como espelhamento — dessa maneira é que
evoluímos (ou seja, somente aqui na Terra). A isso se nomeia de “moralidade”.
Por isso o fator mais importante para a realização do Eu no mundo é nos
tornarmos “moralmente produtivos”.
Enquanto a ética contempla
o interior —> “individualismo ético” (e não existe código para ele),
A moral se volta ao
exterior —> “moralmente produtivo” (e deve sim existir código moral).
Como são três esferas da
alma, como vimos, o treino da sensorialidade deve ser a primeira qualidade que
se aprende na sociedade (na pólis), com o que os outros têm a nos ofertar e
ensinar. Em contrapartida, temos que devolver à Humanidade tudo o que recebemos
dela como “letrados” (Fichte) — que culmina, através do meu agir ou minha
vontade, em “Cultura”.
Entre o pensar e o agir
temos o sentimento, reflexo do relacionamento entre as pessoas, que se
consubstancia em “jurisprudência” ou leis morais (vida política - democracia).
Por isso o Estado é uma forma ou um meio para o conviver comum. Afinal, “a
pólis é anterior à família e ao indivíduo - nós nascemos juntos” (Aristóteles).
Portanto, veja o esquema quando o Eu se transborda para a humanidade, nas suas
três esferas sociais:
Aguarde o próximo
capítulo.
Antonio Marques
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