Dando sequência ao texto
anterior “A Era da Supremacia do Ego”, estamos vivendo a época histórica da
Alma da Consciência. Isso traduz que atingimos o acme da evolução intelectual
(Ego) e por causa disso conhecemos a matéria e suas relações. Só que não tem como
desvincular o mundo da psiquê (ou alma), pois como fala Platão: “há na pólis e
na nossa alma as mesmas partes e número igual” (Rep. 441). Ou seja, essa
brigaria toda que vemos lá fora é reflexo da nossa “alma egoísta e sedenta por
riquezas” (idem, Rep. 442). Chegamos a este ponto da evolução — e não adianta
apontar os erros dos outros; pois também erramos feio. “Antes de tirar o cisco
no olho do teu irmão, retire primeiro a trave que encobre o teu” (Mt 7:3).
Qual a característica mais
importante do Ego ou alma da consciência ou razão (Aristóteles) ou pensar
téchnai (técnico, segundo Platão)? É o “julgar” (Steiner - Psicologia Antrop),
que Freud denomina de super-Ego. Só que o julgamento nos projeta para fora, no
apontar os erros encontrados nos outros e no mundo. Tornamo-nos julgadores,
juízes — impiedosos, frios e calculistas. E dentro de nós (na nossa alma),
perdoamos nossas asneiras, deslizes e pecados — e nos fantasiamos de bonzinhos.
Assim estamos vivendo,
nessa grande encruzilhada, fruto da nossa evolução tecnicista; necessária por
sinal para “ganharmos a liberdade - só que não sabemos o que fazer com ela”
(Sartre).
Portanto, vamos usar essa
decantada liberdade para questionar qual a necessidade histórica atual?
“Refletir o passado para dar novo passo para o futuro” (Lex Boss). Temos
primeiro que inverter nosso olhar: introjetar a crítica severa (o julgar) para
nos tornarmos “auto-críticos” e projetar no mundo a “fantasia moral”.
Crítico externo —> em
“auto-crítico” interno
Fantasioso interno —> em
“fantasia moral”
Dessa maneira é preciso
transformar a vida social de relacionamentos (das ações admoestadora e
impiedosa) em “justiça misericordiosa”. Afinal as relações humanas precisam ser
regidas pela legislação (igualdade de direitos) e que tenha o viés
educativo-pedagógico humanista (misericórdia).
Em segundo lugar é preciso
que meu impulso associal que vive dentro de mim como pensar egóico, que gera
poder e ganância se transforme em “devoção” pelas coisas do mundo; que eu seja
um agente “moralmente produtivo”, que produza produtos de qualidade para os
outros (fraternidade na vida econômica). Se quiser usar outro título:
socialismo (mas esta palavra só traduz trabalhar para o social, para os
outros).
Em terceiro lugar é
preciso que meu impulso anti-social que vive dentro de mim para manter minhas
necessidades básicas se transforme em “cultura”, no fazer coisas bonitas para o
mundo — em tudo o que realizo esteja permeado pela minha plena consciência e
liberdade. Se quiser usar outra denominação: amor. Que minha ação esteja
permeada por amor ao mundo e aos outros.
Aguarde próximo capítulo
Antonio Marques
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