domingo, 9 de agosto de 2020

A ERA DA ALMA DA CONSCIÊNCIA - II




Dando sequência ao texto anterior “A Era da Supremacia do Ego”, estamos vivendo a época histórica da Alma da Consciência. Isso traduz que atingimos o acme da evolução intelectual (Ego) e por causa disso conhecemos a matéria e suas relações. Só que não tem como desvincular o mundo da psiquê (ou alma), pois como fala Platão: “há na pólis e na nossa alma as mesmas partes e número igual” (Rep. 441). Ou seja, essa brigaria toda que vemos lá fora é reflexo da nossa “alma egoísta e sedenta por riquezas” (idem, Rep. 442). Chegamos a este ponto da evolução — e não adianta apontar os erros dos outros; pois também erramos feio. “Antes de tirar o cisco no olho do teu irmão, retire primeiro a trave que encobre o teu” (Mt 7:3).

Qual a característica mais importante do Ego ou alma da consciência ou razão (Aristóteles) ou pensar téchnai (técnico, segundo Platão)? É o “julgar” (Steiner - Psicologia Antrop), que Freud denomina de super-Ego. Só que o julgamento nos projeta para fora, no apontar os erros encontrados nos outros e no mundo. Tornamo-nos julgadores, juízes — impiedosos, frios e calculistas. E dentro de nós (na nossa alma), perdoamos nossas asneiras, deslizes e pecados — e nos fantasiamos de bonzinhos.

Assim estamos vivendo, nessa grande encruzilhada, fruto da nossa evolução tecnicista; necessária por sinal para “ganharmos a liberdade - só que não sabemos o que fazer com ela” (Sartre).

Portanto, vamos usar essa decantada liberdade para questionar qual a necessidade histórica atual? “Refletir o passado para dar novo passo para o futuro” (Lex Boss). Temos primeiro que inverter nosso olhar: introjetar a crítica severa (o julgar) para nos tornarmos “auto-críticos” e projetar no mundo a “fantasia moral”.

Crítico externo —> em “auto-crítico” interno
Fantasioso interno —> em “fantasia moral”

Dessa maneira é preciso transformar a vida social de relacionamentos (das ações admoestadora e impiedosa) em “justiça misericordiosa”. Afinal as relações humanas precisam ser regidas pela legislação (igualdade de direitos) e que tenha o viés educativo-pedagógico humanista (misericórdia).

Em segundo lugar é preciso que meu impulso associal que vive dentro de mim como pensar egóico, que gera poder e ganância se transforme em “devoção” pelas coisas do mundo; que eu seja um agente “moralmente produtivo”, que produza produtos de qualidade para os outros (fraternidade na vida econômica). Se quiser usar outro título: socialismo (mas esta palavra só traduz trabalhar para o social, para os outros).

Em terceiro lugar é preciso que meu impulso anti-social que vive dentro de mim para manter minhas necessidades básicas se transforme em “cultura”, no fazer coisas bonitas para o mundo — em tudo o que realizo esteja permeado pela minha plena consciência e liberdade. Se quiser usar outra denominação: amor. Que minha ação esteja permeada por amor ao mundo e aos outros.

Aguarde próximo capítulo

Antonio Marques



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