O mundo precisa de
mudanças! Como realizá-las?
A última mudança aconteceu
em 1945, em Bretton Woods (USA), no pós-guerra, quando dois planos econômicos
estiveram na mesa de discussão, visando a recuperação da economia mundial. Quem
ganhou todos sabem. O Plano White (FMI = Fundo Monetário Internacional),
norte-americano, em detrimento ao Plano Keynes (ICU = International Clearing
Union ou Câmara de Compensação Internacional), do economista britânico John
Maynard Keynes (1883 – 1946). O que este propunha?
Ele “criava uma espécie de
Banco Internacional sui generis para as transações de comércio no pós-guerra, a
fim de realizar o equilíbrio automático no balanço de pagamentos das nações
participantes. Essa Câmara (ou Banco Mundial) podia dispensar seus membros de
qualquer depósito em ouro, dólar ou outra moeda. Ao contrário, ela criava uma
nova moeda internacional (de natureza escritural), denominada ‘Bancor’, a ser
creditada (como doação) nas contas dos Bancos Centrais dos países
participantes, em cotas diferentes (mutantes) segundo o volume de comércio
exterior de cada um. A maior originalidade do plano estava, entretanto, na
sugestão de se aplicar um tributo sobre os países credores e devedores sendo
que o dos primeiros seria uma espécie de ‘juro negativo’, a fim de compeli-los
a utilizar seus ‘Bancors’ na compra de produtos das nações devedoras, tornando
assim compulsória a participação dos credores no ajuste ao equilíbrio”.
(Fernandes, S. A
libertação econômica do mundo pelo esquecido plano Keynes. Rio de Janeiro:
Nórdica, 1991. p.128-9).
Por motivos espúrios, o
Plano Keynes foi execrado do mundo “economês” moderno e nem seus enunciados são
conhecidos. No entanto, Keynes “só é viável” numa sociedade humanizada, como se
está propondo nestes textos, muito distante deste mundo polarizado no qual
estamos vivendo (esquerda – direita), entre “Imperium ESTATAL” e “Imperium
ECONOMICUS”.
A pergunta que se faz:
queremos continuar nesse modelo econômico distorcido e cruel, que torna os
países e as pessoas “pobres mais pobres?” (making the poor, poorer?) dizia
Keynes. Só que a resposta não se encontra na Economia nem no Estado, mas
no modelo de sociedade que queremos construir. Só teremos futuro se resgatarmos
o 1º membro do organismo social, a Vida Cultural, para perfazer os três
poderes. Por isso a nossa proposta: criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB),
em Brasília.
E um de seus Departamentos
é funcionar como “Banco Social” — por isso é necessário que os bancos públicos
sejam incorporados ao CCB (o Estado não tem função bancária) — para fomentar o
“empréstimo” ao indivíduo moralmente produtivo e à “doação” às instituições
culturais, científicas e filantrópicas.
É preciso considerar as
três formas do dinheiro: de compra, de investimento e de doação. O “dinheiro de
compra” pertence à vida econômica (ao indivíduo), pois pode-se com ele adquirir
e trocar bens. Corresponde ao lado egoísta normal, quando se refere à condição
física de subsistência: alimentação, moradia, vestuário, colégio das crianças,
viagens, remédios etc. Com relação ao “dinheiro de investimento”, corresponde à
poupança e empréstimos (ao indivíduo que precisa de recurso para montar um
negócio). A terceira forma é o “dinheiro de doação”.
Poderia surgir o argumento
de que o imposto ao Estado já é uma forma (compulsória) de doação e nesse caso
não se precisaria mais “doar” para outras iniciativas. No entanto é preciso
entender este aspecto a partir da sua origem: o “capital” surge em decorrência
da capacidade humana; e nesse sentido seria lógico que os excedentes da
produção (os lucros) fossem direcionados de volta à vida cultural, para
patrocinar: ensino, pesquisa, artes, saúde, religião etc. Por isso, as
“doações” são as verdadeiras impulsionadoras das iniciativas, sejam elas
beneficentes, científicas ou culturais.
O que significa ter
“capital livre”, do qual tenha desaparecido o trabalho? É um capital
acumulativo ou “capital devedor”, que pode se tornar “capital de empréstimo”,
para se tornar, por meio do espírito criador humano, “capital produtivo”. A
isso se denomina “circulação de capital” e é o mesmo processo que ocorre no
“sangue humano”. Este, ao percorrer os pequenos vasos sangüíneos (capilares),
“caminha sozinho”. Mas quando o sangue cai na gravidade (nos grandes vasos),
começa a parar. É preciso que uma “força propulsora” imprima novamente maior
“velocidade” e isso é realizado pelo coração. Essa é a função do Banco. Além
disso, antes de devolver o sangue ao corpo, o que o coração faz? Encaminha o
sangue ao pulmão, para ser “oxigenado”, isto é, para o sangue ficar novo. O
mesmo se observa no caso de certa quantidade de dinheiro ficar guardada em
casa: ele envelhece (por ter ficado fora do circuito econômico). Precisa ser
“revitalizado” pelo Banco, para se transformar em “dinheiro novo” e ser
colocado novamente na “circulação”. Assim o seu “poder de compra” aumenta. É
isso praticamente o que o banco faz.
Enfim, nestes textos sobre
o papel da América, estão sendo mostrados a “fisiologia do organismo social
trimembrado”. Mas de nada adianta se não se reconhecer o ser humano como figura
central deste organismo social. Em primeiro lugar ele precisa se desenvolver
pela Educação, para o crescimento interior “ético” (virtudes); em segundo lugar
ele necessita da Cultura, para o desenvolvimento “moral” (para viver e
trabalhar na sociedade). Ou seja, é preciso a conquista do “individualismo
ético”, para se tornar num ser “moralmente produtivo”.
Dr. Antonio Marques
Conselho Cultural do
Brasil (CCB)
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