domingo, 9 de agosto de 2020

AMÉRICA - V



Essas crises sociais, raciais etc que estão acontecendo mundo afora, são decorrentes do nosso atraso civilizatório. O mundo parou lá atrás na bimembração social, entre: “Política - Economia”. E esses conflitos tenderão a piorar se não despertarmos para a necessidade de resgatar a Vida Cultural/Espiritual (liberalismo), como novo membro autônomo do organismo social trimembrado:

Setor Cultural — liberdade (indivíduo)
Setor Político/Jurídico — igualdade (leis)
Setor Econômico — fraternidade (trabalho)

Quais as finalidades e as atribuições de um Conselho Cultural?

Não se deve imputar ao Conselho Cultural discussões acaloradas em conclaves filosóficos, literários, artísticos etc. É preciso lembrar que a vida do indivíduo (espiritual) só se torna produtiva dentro do mundo; ou seja, só “nascerá” se ingressar na vida econômica. Como conceito, a vida do “indivíduo” tem a ver com educação, ensino, cultura, ciência, arte, sabedoria, amor etc, que se situam dentro dele como “ética” ou busca de qualidades virtuosas (liberalismo) e que se deve realizar no mundo como bom produtor “moral” (ou seja, trabalhar para os outros).

Mas, por ignorância dos governantes (e nossa também) o Estado induz uma ciência, uma pedagogia, uma cultura, uma medicina, uma sociedade, uma economia,... com finalidades “egoístas”, da supremacia ESTATAL. O mesmo se pode dizer da hipertrofia econômica ou NEOLIBERALISMO. Sem falar da corrupção, que vem à reboque. No entanto, se a vida espiritual do indivíduo não recebe a liberdade necessária para crescer e desabrochar, essa “força” retrocede e se transforma em “egoísmo” doentio na vida individual, em “guerra” na vida política e em “concorrência” na vida econômica (entre produtores). E os consumidores passam a reivindicar para si direitos “ilimitados” de escolha para todas as possibilidades de prazeres que se possam comprar.

No fundo, o que está faltando ao organismo social trimembrado é a “Vida Cultural”, que deve nutrir espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente produtivo”. Por isso se pleiteia criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB) em Brasília (DF); e nessa triangulação é preciso delimitar as atribuições de cada área do organismo social. O Estado deve promover a igualdade entre todos perante as leis, segurança, meios de transporte, saúde pública, saneamento básico, imposto público, representar o país etc. A Economia tem a ver com “produção - circulação - consumo”.

Só não existe atualmente o Setor Cultural/Espiritual, como representante do indivíduo — e uma das suas metas deverá ser o de fomentar a atividade cultural, a ciência, a educação, a de promover o indivíduo na sociedade, a de integração internacional etc. O “dinheiro”, que é um instrumento da vida espiritual no mundo, deverá ser usado com esse objetivo. Para isso, será preciso criar um departamento específico dentro do CCB, como “Banco Social” (a sugestão é encampar o BNDES), no sentido de que o dinheiro cumpra duas das suas finalidades: “empréstimo” para o indivíduo moralmente produtivo e de “doação”, para atividades culturais, científicas e filantrópicas.

Também outros departamentos devem ser criados dentro do CCB: de ensino, profissões, cultura, arte, ciência, tecnologia etc. Mesmo que continuem os Ministérios da Cultura (MEC), da Saúde (MS), da Ciência e Tecnologia etc, atrelados ao Estado, nas suas funções burocráticas, suas “racionalidades” e “conteúdos programáticos” devem ser prerrogativas do CCB.

Portanto, tanto a vida do indivíduo, como a vida jurídico-política, como a econômica precisam do “alimento” que vem do Setor Cultural. No primeiro caso, precisa-se resgatar a dignidade humana ao entender o ser humano como ser que precisa realizar-se no mundo; em segundo lugar precisa-se elaborar “leis” mais condizentes com a condição humana, que se fundamentem na vida do “direito”; e em terceiro lugar, necessita-se da participação de pessoas com “juízo econômico”, que entendam da prática econômica, que possam fundar “associações econômicas”, para dar rumo certo à realização do homem no mundo.

Dr Antonio Marques
Conselho Cultural do Brasil (CCB)

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