Essas crises sociais,
raciais etc que estão acontecendo mundo afora, são decorrentes do nosso atraso
civilizatório. O mundo parou lá atrás na bimembração social, entre: “Política -
Economia”. E esses conflitos tenderão a piorar se não despertarmos para a
necessidade de resgatar a Vida Cultural/Espiritual (liberalismo), como novo
membro autônomo do organismo social trimembrado:
Setor Cultural — liberdade
(indivíduo)
Setor Político/Jurídico —
igualdade (leis)
Setor Econômico —
fraternidade (trabalho)
Quais as finalidades e as
atribuições de um Conselho Cultural?
Não se deve imputar ao
Conselho Cultural discussões acaloradas em conclaves filosóficos, literários,
artísticos etc. É preciso lembrar que a vida do indivíduo (espiritual) só se
torna produtiva dentro do mundo; ou seja, só “nascerá” se ingressar na vida
econômica. Como conceito, a vida do “indivíduo” tem a ver com educação, ensino,
cultura, ciência, arte, sabedoria, amor etc, que se situam dentro dele como
“ética” ou busca de qualidades virtuosas (liberalismo) e que se deve realizar
no mundo como bom produtor “moral” (ou seja, trabalhar para os outros).
Mas, por ignorância dos
governantes (e nossa também) o Estado induz uma ciência, uma pedagogia, uma
cultura, uma medicina, uma sociedade, uma economia,... com finalidades
“egoístas”, da supremacia ESTATAL. O mesmo se pode dizer da hipertrofia
econômica ou NEOLIBERALISMO. Sem falar da corrupção, que vem à reboque. No
entanto, se a vida espiritual do indivíduo não recebe a liberdade necessária
para crescer e desabrochar, essa “força” retrocede e se transforma em “egoísmo”
doentio na vida individual, em “guerra” na vida política e em “concorrência” na
vida econômica (entre produtores). E os consumidores passam a reivindicar para
si direitos “ilimitados” de escolha para todas as possibilidades de prazeres
que se possam comprar.
No fundo, o que está
faltando ao organismo social trimembrado é a “Vida Cultural”, que deve nutrir
espiritualmente a atuação do homem, para que ele se torne “moralmente
produtivo”. Por isso se pleiteia criar o Conselho Cultural do Brasil (CCB) em
Brasília (DF); e nessa triangulação é preciso delimitar as atribuições de cada
área do organismo social. O Estado deve promover a igualdade entre todos
perante as leis, segurança, meios de transporte, saúde pública, saneamento
básico, imposto público, representar o país etc. A Economia tem a ver com
“produção - circulação - consumo”.
Só não existe atualmente o
Setor Cultural/Espiritual, como representante do indivíduo — e uma das suas
metas deverá ser o de fomentar a atividade cultural, a ciência, a educação, a
de promover o indivíduo na sociedade, a de integração internacional etc. O
“dinheiro”, que é um instrumento da vida espiritual no mundo, deverá ser usado
com esse objetivo. Para isso, será preciso criar um departamento específico
dentro do CCB, como “Banco Social” (a sugestão é encampar o BNDES), no sentido
de que o dinheiro cumpra duas das suas finalidades: “empréstimo” para o
indivíduo moralmente produtivo e de “doação”, para atividades culturais,
científicas e filantrópicas.
Também outros
departamentos devem ser criados dentro do CCB: de ensino, profissões, cultura,
arte, ciência, tecnologia etc. Mesmo que continuem os Ministérios da Cultura
(MEC), da Saúde (MS), da Ciência e Tecnologia etc, atrelados ao Estado, nas
suas funções burocráticas, suas “racionalidades” e “conteúdos programáticos”
devem ser prerrogativas do CCB.
Portanto, tanto a vida do
indivíduo, como a vida jurídico-política, como a econômica precisam do
“alimento” que vem do Setor Cultural. No primeiro caso, precisa-se resgatar a
dignidade humana ao entender o ser humano como ser que precisa realizar-se no mundo;
em segundo lugar precisa-se elaborar “leis” mais condizentes com a condição
humana, que se fundamentem na vida do “direito”; e em terceiro lugar,
necessita-se da participação de pessoas com “juízo econômico”, que entendam da
prática econômica, que possam fundar “associações econômicas”, para dar rumo
certo à realização do homem no mundo.
Dr Antonio Marques
Conselho Cultural do
Brasil (CCB)
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