Dando sequência aos nossos
textos sobre o Ego (alma da consciência), vamos abordar a transição entre o
“pensar dialético” (Phantasie), presente nas parábolas, poesias, contos,
epopéias, sagas, lendas, narrativas — para o “pensar téchnai” (técnico, segundo
Platão), o qual é usado em alto grau nesta nossa época histórica. No fundo,
como vimos, essa parte da alma (Ego) que se hipertrofiou chama-se “Dóxa” ou
“Super-Ego”, onde desenvolvemos o julgamento, a crítica — e por incrível que
pareça, esta parte do pensar egóico foi gestado pelos antigos sacerdotes
(médicos) egípcios.
Essa transição pode ser
constatada no clássico exemplo entre Ramsés e Moisés. Enquanto o primeiro
detinha todo conhecimento sagrado egípcio (onírico), o segundo, mesmo sendo
israelita, foi educado nas culturas egípcia (templária) e ismaelita (árabe),
desenvolvendo precocemente o pensar intelectual — tanto que ao solicitar ao
faraó que libertasse seu povo, seu linguajar já era diferenciado - por isso a
necessidade de seu irmão Aarão como intermediário.
Como podemos conhecer essa
evolução do pensar?
Vamos analisar a mitra
(espécie de chapéu de bispo) que o sacerdote egípcio portava nas procissões
(vide foto abaixo): lateralmente dois “chifres” retorcidos; na frente uma
“cobrinha” naja (ureus), com um disquinho na cabeça; de cada lado duas “penas”
de águia; e no topo um grande “disco solar”.
O quê esses 4 símbolos
traduzem?
— Chifres = pensar muito
antigo “imagético” (em imagens) desenvolvido na antiga Atlântida e que estava
se endurecendo naquela época. Moisés ainda tinha esse pensar etérico e por isso
era retratado com dois chifres nas esculturas ou dois fachos de luz nas
pinturas.
— Cobrinha (ureus) = pensar
anímico (egóico) que foi desenvolvido pelos sacerdotes-médicos nas Sakkaras
(templos subterrâneos) e que seria utilizado hoje em alto grau (indutivo —
super-ego). Por isso o símbolo da medicina tem a serpente que simboliza a alma
(a cabeça da cobra = o Ego).
— Penas = instrumento
pensamental necessário para alçar voo e acessar ao pensar futuro (o disco
solar). Traduz o método goethiano (dedutivo) que temos que cultivar nesta
época.
— Disco Solar = pensar
osírico (ou crístico) a ser desenvolvido pelo Eu, como “intuição” - meta
futura.
Hoje vivemos o pensar da
“cobrinha” (egóico - indutivo), que ganhamos desde Adão e Eva, amadurecido
pelos amigos sacerdotes egípcios e hipertrofiado na nossa época tecnicista
(Super-Ego), cuja caraterística “indutiva” tem a ver com: “observar, experimentar
e nomear as coisas”.
Chegamos num impasse na
evolução pensamental: ou permanecemos nessa patamar indutivo (tecnicista e
super-egóico) ou ascendemos através da dedução (“pensamento de águia”), cujo
método foi desenvolvido por Aristóteles e Goethe, para a última esfera
pensamental, o pensar espiritual ou intuitivo.
Antonio Marques
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