domingo, 9 de agosto de 2020

A EVOLUÇÃO DO PENSAR - VI



Dando sequência aos nossos textos sobre o Ego (alma da consciência), vamos abordar a transição entre o “pensar dialético” (Phantasie), presente nas parábolas, poesias, contos, epopéias, sagas, lendas, narrativas — para o “pensar téchnai” (técnico, segundo Platão), o qual é usado em alto grau nesta nossa época histórica. No fundo, como vimos, essa parte da alma (Ego) que se hipertrofiou chama-se “Dóxa” ou “Super-Ego”, onde desenvolvemos o julgamento, a crítica — e por incrível que pareça, esta parte do pensar egóico foi gestado pelos antigos sacerdotes (médicos) egípcios.
Essa transição pode ser constatada no clássico exemplo entre Ramsés e Moisés. Enquanto o primeiro detinha todo conhecimento sagrado egípcio (onírico), o segundo, mesmo sendo israelita, foi educado nas culturas egípcia (templária) e ismaelita (árabe), desenvolvendo precocemente o pensar intelectual — tanto que ao solicitar ao faraó que libertasse seu povo, seu linguajar já era diferenciado - por isso a necessidade de seu irmão Aarão como intermediário.
Como podemos conhecer essa evolução do pensar?
Vamos analisar a mitra (espécie de chapéu de bispo) que o sacerdote egípcio portava nas procissões (vide foto abaixo): lateralmente dois “chifres” retorcidos; na frente uma “cobrinha” naja (ureus), com um disquinho na cabeça; de cada lado duas “penas” de águia; e no topo um grande “disco solar”.

O quê esses 4 símbolos traduzem?

— Chifres = pensar muito antigo “imagético” (em imagens) desenvolvido na antiga Atlântida e que estava se endurecendo naquela época. Moisés ainda tinha esse pensar etérico e por isso era retratado com dois chifres nas esculturas ou dois fachos de luz nas pinturas.
— Cobrinha (ureus) = pensar anímico (egóico) que foi desenvolvido pelos sacerdotes-médicos nas Sakkaras (templos subterrâneos) e que seria utilizado hoje em alto grau (indutivo — super-ego). Por isso o símbolo da medicina tem a serpente que simboliza a alma (a cabeça da cobra = o Ego).
— Penas = instrumento pensamental necessário para alçar voo e acessar ao pensar futuro (o disco solar). Traduz o método goethiano (dedutivo) que temos que cultivar nesta época.
— Disco Solar = pensar osírico (ou crístico) a ser desenvolvido pelo Eu, como “intuição” - meta futura.

Hoje vivemos o pensar da “cobrinha” (egóico - indutivo), que ganhamos desde Adão e Eva, amadurecido pelos amigos sacerdotes egípcios e hipertrofiado na nossa época tecnicista (Super-Ego), cuja caraterística “indutiva” tem a ver com: “observar, experimentar e nomear as coisas”.
Chegamos num impasse na evolução pensamental: ou permanecemos nessa patamar indutivo (tecnicista e super-egóico) ou ascendemos através da dedução (“pensamento de águia”), cujo método foi desenvolvido por Aristóteles e Goethe, para a última esfera pensamental, o pensar espiritual ou intuitivo.

Antonio Marques


Nenhum comentário:

Postar um comentário

ÍNDICE

Bloco 1 Abuso de Autoridade  O Fim da Política  Violência na Política  O Estado Teocrático  A Intromissão Estatal Imperium Estatal ...