Economia significa
“produção - comércio - consumo” — três elementos que entram no circuito para
satisfazer as necessidades humanas. O ser humano só se realiza no mundo ao seu
tornar “ser economicus” — onde deve reinar a “fraternidade”: trabalhar para os
outros. Dessa maneira nos tornamos seres “moralmente produtivos”.
Por isso Steiner sugeriu
que os três interessados (ou seus representantes) na vida econômica (produtor -
comerciante - consumidor) dialoguem entre si (sem concorrência) para atender à
qualidade do produto, transparência na transação e “preço” justo. Ele denominou
“Associação Econômica”. E hoje essas reuniões poderiam ser virtuais.
Mas para isso acontecer é
preciso resolver algumas distorções: a economia deve estar em mãos de pessoas
entendidas na produção, comércio e consumo — e não nas mãos do Estado: por isso
seus bens de capital e propriedades devem ser entregues à iniciativa privada. E
os Bancos Sociais Estatais devem ser incorporados à Vida Cultural/Espiritual, a
ser criada — como sugestão, o Conselho Cultural do Brasil (CCB).
Com relação à Terra, é
preciso se chegar a novos conceitos, pois, nas “eras rudes da sociedade”, ela
não pertencia a ninguém. O monarca, ou senhor do feudo, apenas arrendava do
rei. Justamente o rendimento elevado da terra provoca um aumento do preço dos
produtos. Enquanto permanecer o crédito real, para a terra, sem se cultivar
nada, deixando-a em seu estado original, como nos grande latifúndios, se estará
apenas elevando o preço da terra. Esse capital acumulado, especulativo,
artificial, é altamente danoso para a economia, porque a natureza não pode ser
ligada ao capital, mas ao trabalho. Pela própria condição da natureza, as
terras não podem aumentar de valor, se não se aplicar um trabalho nelas. A
terra, por sua própria condição natural, não tem valor. É o trabalho que deve
ser considerado como elemento de elevação do valor e não a terra em si. Por
isso, o crédito, o capital, deve ser direcionado para quem quer trabalhar e não
para a terra. É preciso que o setor jurídico trace as normas legais na nova
estruturação do organismo social, no sentido de que a terra não seja possuída
nem pelo Estado nem pelo indivíduo. Ela poderá apenas ser colocada à disposição
para uso, através de uma Carta de Direito da Terra, a ser elaborada pela
Justiça. Inclusive, com esta proposta, deverá ser estabelecida a nova política
agrária, pois não mais existirão os “sem terras”. Todos terão uma terra.
Nesse sentido, a produção
tem a ver com: os bens de capital, a força do trabalho e a terra. Os bens de
capital constituem a capacidade do espírito humano, que se condensa numa
máquina, numa fábrica. Essas podem produzir bens para serem consumidos, mas
elas mesmas não podem ser consumidas. Para isso, sempre se utiliza alguma
matéria-prima que vem da “terra” e, através do “trabalho”, esses bens entram em
“movimento”, na circulação comercial. Para se realizar algo no mundo,
necessita-se de crédito pessoal; e neste aspecto implicará na estruturação da
Vida Cultural/Espiritual, como dito acima — através dos Bancos sociais.
Dr. Antonio Marques
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