O Ego corresponde à parte
nobre da psiquê (alma), com suas três qualidades: “Phantasie - Dóxa - Dianóia”
(Platão). Se Eu (Self ou espírito) quero lembrar uma cena do passado, uso minha
“Phantasie” para resgatar aquela imagem do meu inconsciente, submeto ao crivo
do meu “julgamento” (Dóxa) para corrigir algum defeito e finalmente envio
(Dianóia) para que Eu veja essa imagem. Parece complicado essa trilogia do Ego
— e realmente é. Mas isso é necessário para eu ter uma visão crítica do mundo e
uma consciência de mim mesmo. É o preço que eu pago por ter evoluído, para me
sentir “livre” da natureza e da divindade. Por isso esta época histórica
corresponde à “alma da consciência”. Tudo precisa passar pelo crivo do meu
“julgamento” (Dóxa), que é a qualidade mais importante do Ego — que Freud
denominou “super-Ego”; o qual não traduz algo superior ao Ego, mas sua
qualidade mais nobre = o julgar algo. E isso só conseguimos agora nesta época
civilizatória.
Por isso me sinto dono do
mundo e me confronto com outros Egos (briga de leões) territorialistas.
Tornei-me um ser “associal” (poderoso, arrogante, prepotente) e “anti-social”
(abocanho um naco do mundo para minha necessidade) — cujo representante é o Dr.
Fausto de Goethe (que até faz pacto com o diabo - corrupção etc - para
conseguir qualquer coisa). E por isso tenho um preço a pagar: o mundo se volta
contra mim. Seja outra pessoa de mesma índole, um vírus, uma bactéria etc.
Ao soerguer meu Ego
(supremacia do meu Ego), tornei-me egoísta e bati no fundo do poço do
materialismo; o qual me prende às quatro paredes do sensório, até ser
enquadrado em “códigos e normas” — ou como Kant diria: necessitamos de um “amo”
(autoridade, a lei) para conviver socialmente com os outros. Essa “postura
esquizofrênica” (Jung) do homem moderno tem patrocinado os piores males:
ansiedade, depressão, neuroses, pânico, agressividade e guerras.
Perdemos a humanidade, a
convivência “social”, porque nos falta a visão do conjunto, do todo — do
organismo social. Ou seja, esse caminho evolutivo está me levando ao abismo da
materialidade. É isso que eu quero? Existe outra opção? Existe outro caminho
para trilhar?
Aguarde próximo capítulo.
Antonio Marques
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